Aliados do governo da presidente Dilma Rousseff reclamaram nesta segunda-feira (21) que a petista ainda não apresentou um desenho mais concreto do que pretende fazer na sua reforma ministerial, que deverá cortar, pelo menos, dez ministérios dos 39 de seu governo. Apesar de querer anunciar a nova configuração da Esplanada até a quinta-feira (24), a presidente ainda não definiu com os partidos da base aliada como ficará a participação deles no governo.
Segundo integrantes da cúpula do PMDB, Dilma os convocou para reuniões nesta segunda (21) para questioná-los sobre as pastas que a sigla desejaria ocupar. “Ela deveria primeiro nos apresentar um quadro do que ela quer. Não dá para a gente indicar assim, sem saber o que ela poderá fazer depois”, afirmou um peemedebista.
Na manhã desta segunda, Dilma ouviu do vice-presidente, Michel Temer, e dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que eles preferiam deixá-la à vontade para escolher os novos ministros.
Diante da recusa, emissários da presidente começaram a discutir a ampliação do espaço do PMDB para evitar seu desembarque definitivo da base aliada. Uma das possibilidades é a entrega do Ministério da Saúde para a sigla, o que ampliaria a influência do aliado.
No desenho de assessores presidenciais, a Saúde seria oferecida ao PMDB do Rio. O governador Luiz Fernando Pezão esteve com a petista nesta segunda-feira (21).
Temer, Renan e Cunha se reuniram pela noite com os ministros peemedebistas Eduardo Braga (Minas e Energia), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Kátia Abreu (Agricultura), Eliseu Padilha (Aviação Civil) e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) em um jantar na casa do líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE), para discutir como a sigla participará da reconfiguração da Esplanada.
O ministro Hélder Barbalho (Pesca), foi convidado para o encontro, mas não compareceu. A sua pasta pode ser uma das que será extinta. Se isso ocorrer, a avaliação é de que ele seja indicado para a diretoria de uma empresa estatal.
Segundo participantes do encontro, a maior preocupação da sigla, no entanto, não é com o número de pastas que poderá ocupar mas sim com uma demonstração do Planalto de que vai resolver a crise política e econômica que assola o governo.
Após o jantar, Eunício afirmou que o partido está preocupado em ajudar o governo a encontrar soluções que levem a uma retomada da economia. “Nossa preocupação não é com a reforma, é com uma saída para o Brasil. Mas não cabe aos partidos dizer qual é o rumo [que deve ser tomado]”, afirmou.
De acordo com Eunício, o PMDB não será um obstáculo para a reforma ministerial. “Já fomos taxados de fisiológicos e não queremos mais carregar esse peso. Não estamos nessa discussão menor que apequena a questão. Não é uma posição de toma lá, dá cá. É posição de interesses do país”, disse.
Dilma também não conversou ainda com as bancadas do PT no Congresso. Ela deverá reunir as principais lideranças nesta terça para negociar os cortes.
A redução da Esplanada é uma das medidas que integram o pacote anunciado pelo governo na semana passada de cortes de gastos e aumento de impostos para recuperar a economia do país.
A aliados, Dilma tem dito que quer anunciar a reforma ministerial até quinta-feira (24), antes de embarcar para os Estados Unidos, onde participará da assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Já a bancada da Câmara deverá discutir a questão apenas na tarde desta terça. Peemedebistas acreditam que só conseguirão definir uma posição na quarta-feira. De acordo com deputados da sigla, Dilma sinalizou nesta segunda que quer ter o apoio do partido.
“Dilma está preocupada em ter o apoio das bancadas, por isso, vai esperar uma sinalização para saber se o PMDB quer participar e quer que as bancadas se sintam livres para indicar”, disse um deputado. Para ele, a mudança de postura da presidente em querer ouvir o Congresso antes é positiva e pode evitar atritos futuros.
No novo desenhado ministerial costurado pelo Planalto, o PMDB poderá perder duas de suas atuais seis pastas. Portos deve ser integrado com a Aviação Civil e a pasta da Pesca seria incorporada na da Agricultura.
Da cota do PT, o governo deve fundir três secretarias hoje com status ministerial: Direitos Humanos, Igualdade Racial e Mulheres.
Perdem o título de ministério o Gabinete de Segurança Institucional, a de Relações Institucionais e a de Assuntos Estratégicos. A Secretaria-Geral da Presidência, comandada pelo petista Miguel Rossetto, deverá ser ocupada por Ricardo Berzoini, que hoje está no Ministério das Comunicações. Ele poderá desempenhar também o papel de articulação política do governo. Rossetto deverá ser indicado para o Incra, órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, por sua vez, deverá assumir o Ministério das Comunicações. As duas pastas serão fundidas e o ministro continuará responsável pela verba de publicidade oficial do governo.
O ministro Armando Monteiro, do PTB, poderá deixar o Ministério do Desenvolvimento. Ainda não há um nome definido para a vaga. Por fim, Dilma deve extinguir o Ministério da Micro e Pequena Empresa.
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