Pouco mais de um mês após o segundo turno das eleições, que colocou de um lado o PT e de outro o PSDB, a presidente Dilma Rousseff recebeu, nesta quinta-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para assinatura de convênios no valor de R$ 3,24 bilhões. Tanto Dilma como Alckmin destacaram a boa relação entre o Palácio do Planalto e o governo de São Paulo desde 2011, quando ambos tomaram posse. Dilma disse que, passadas as eleições, é preciso respeitar a vontade do eleitor brasileiro, que reelegeu o PT no âmbito federal, mas deu a vitória ao PSDB no maior estado brasileiro.

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"Nós viemos fazendo essa parceria desde 2011. Tivemos uma série de iniciativas comuns. Acredito que esta cerimônia marca um momento importante. É fato que durante a campanha é natural divergir, é natural criticar, é natural disputar e, mesmo, em alguns momentos, é compreensível que as temperaturas se elevem. No entanto, depois de eleitos, nós temos de respeitar as escolhas legítimas da população brasileira. Em um país que preza a democracia e está em um processo de aprofundar cada vez mais a sua democracia, são extremamente necessárias as relações republicanas e parceiras", afirmou a presidente.

Alckmin falou antes de Dilma e citou convênios com o governo federal para redução da miséria, no âmbito do Brasil sem Miséria; a construção de 100 mil moradias no estado, dentro do Minha Casa Minha Vida, a construção da hidrovia Tietê-Paraná, a implantação do monotrilho de São Bernardo do Campo, a construção do Rodoanel Norte e do Ferroanel.

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"A nossa palavra é de agradecimento. Temos aqui um excelente exemplo de relação federativa, entre o governo federal e o governo estadual. Quero aqui destacar os valores e princípios que devem nortear a política - disse o governador, citando o líder espiritual e político indiano Gandhi, que colocou entre os motivos da barbárie estava a política sem princípios", disse.

"Os princípios do interesse público, de servir e de unir os esforços para fazer mais nortearam nossos trabalhos desde 2011. Tenho certeza de que o bom diálogo e bom trabalho vão continuar. Quero reconhecer a agradecer o esforço da presidente Dilma, republicano e louvável, na análise dos projetos extremamente importantes para os brasileiros de São Paulo. Conte conosco", completou Alckmin.

No evento foram assinados contratos para as obras do Sistema Produtor São Lourenço, que levará água à região metropolitana de São Paulo, e para a extensão da Linha 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O sistema São Lourenço será construído por Parceria Público Privada (PPP), com financiamento de R$ 1,82 bilhão da Caixa Econômica Federal. A obra custará R$ 2,6 bilhões e beneficiará 1,5 milhões de habitantes dos municípios de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana do Parnaíba e Vargem Grande Paulista. O sistema deverá entrar em funcionamento no começo de 2018. Serão construídos mais 83 quilômetros de adutoras.

A extensão da Linha 9, que atenderá a Zona Sul de São Paulo, receberá R$ 500 milhões do Orçamento Geral da União e R$ 133,7 milhões de contrapartida do governo do estado. Serão construídos 4,4 quilômetros da estação do Grajaú até Varginha. A previsão é que 631 mil pessoas sejam atendidas pela extensão da linha.

"Vou dar sequência à forma de relacionamento que nós construímos ao longo dos quatro anos do meu governo e do governo Alckmin", afirmou Dilma.

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Geraldo Alckmin evitou se apresentar contra o projeto do governo que muda a meta de superávit (economia para pagamento dos juros da dívida pública), cujo texto-base foi aprovado na madrugada desta quinta-feira no Congresso, sob pesadas críticas da oposição, especialmente de seu partido, PSDB.

Após assinatura de convênios entre o governo federal e o governo de São Paulo no Palácio do Planalto, Alckmin foi evasivo quando perguntado por jornalistas sobre sua opinião com relação ao projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias, permitindo que investimentos do PAC e desonerações da folha de pagamento possam ser descontados do cálculo do superávit.

"Eu acompanho meu partido, mas quero destacar aqui o bom convênio. E quero deixar claro que o objetivo da vida pública é melhorar a vida da população. Política se faz com civilidade e com parceria. O Brasil é uma república federativa. E o que caracteriza federação é a parceria entre os entes federados", afirmou.

Depois de firmar parcerias para obras de mobilidade urbana e de saneamento com a presidente Dilma Rousseff, Alckmin defendeu que é tão patriótico ser governo, quanto ser oposição. E que o papel da oposição é fiscalizar e criticar a situação. O tucano também pontuou que o dinheiro público não pertence a partidos e portanto deve ser empregado segundo as demandas da sociedade.

"O resultado das eleições, quem ganhou é governo, quem perdeu, fiscaliza, é oposição. É a lógica democrática. O dinheiro do governo do estado de São Paulo não é do PSDB, é do contribuinte. E precisa ser alocado de acordo com o interesse da população. O dinheiro do governo federal também não é de outro partido, é do contribuinte. É pra ser alocado a serviço da população. Acho que nós demos aqui hoje um bom exemplo de maturidade política", disse.

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