Cunha vai barrar legalização do aborto e regulação da mídia
Eleito presidente da Câmara Federal em primeiro turno, depois de uma tensa disputa com o petista Arlindo Chinaglia (PT-SP), o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teve uma reunião com a presidente Dilma Rousseff na última quinta-feira para "quebrar o gelo", segundo definiu a correligionários.
Considerado um parlamentar incômodo e pouco confiável, por causa dos episódios em que liderou rebeliões na base aliada, Cunha diz que não tem problemas no trato com Dilma, mas não alivia o PT e os ministros responsáveis pela articulação política, em especial Pepe Vargas, da Secretaria de Relações Institucionais. "Ele é inábil no trato, errado na forma e no conteúdo", critica. Também reclama do presidente do PT, Rui Falcão: "Só o atendo quando ele me pedir desculpas por ter dito que faço chantagem".
Na primeira semana como presidente, Cunha avançou na discussão de uma proposta de reforma política que garante o financiamento de campanhas por empresas privadas, condenado pela maioria dos petistas. Também instalou a CPI da Petrobras, que voltará a investigar o esquema de corrupção na estatal.
O deputado está decidido sobre o que quer votar e também sobre os temas que não aceita levar ao plenário, como a legalização do aborto, a união civil de pessoas do mesmo sexo e a regulação da mídia. "Aborto e regulação da mídia só serão votados passando por cima do meu cadáver", disse, irredutível, o deputado evangélico de 56 anos, fiel da Igreja Sara Nossa Terra. Diante da reação negativa de militantes de movimentos em defesa dos direitos dos homossexuais à sua eleição, Cunha não faz concessões. "Não tenho que ser bonzinho. Eles querem que esta seja a agenda do país, mas não é".
No fim do ano passado, o deputado teve o nome citado pelo doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, que investiga os escândalos na Petrobras. Youssef depois enviou esclarecimento à Justiça dizendo não ter relação com Cunha. O presidente da Câmara reitera não ter ligação com a rede de corrupção da estatal e diz estar tranquilo para qualquer investigação.
Estadão Conteúdo
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Afundada na pior crise de imagem de um governo petista, a presidente Dilma Rousseff avalia um cardápio de ações com recomendações elementares de comunicação: conceder mais entrevistas, promover mais solenidades no Palácio do Planalto e viajar mais.
Pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana mostrou forte deterioração da avaliação da presidente. Quase metade (47%) dos brasileiros a considera desonesta, além de falsa (54%) e indecisa (50%). O governo da petista também é reprovado por 44% dos eleitores. Esses dados, somados à perda de apoio em setores mais pobres, foi o que mais assustou Dilma, segundo disseram auxiliares.
Em termos gerais, são as piores marcas de gestão e a mais baixa avaliação de um presidente da República desde Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Repercussão
O governo ficou "chocado" com o resultado. Em almoço ontem, a presidente e seus principais ministros resolveram finalizar, o mais rápido possível, o pacote de medidas anticorrupção que precisa ser encaminhado ao Congresso. A ideia é tentar, com isso, reverter alguns pontos de desaprovação popular nas pesquisas. O pacote, porém, é uma promessa antiga, feita ainda durante a eleição do ano passado.
O tema corrupção, impulsionado pelos desdobramentos das investigações sobre o esquema de desvio de recursos na Petrobras, rivaliza atualmente com a saúde pública como o principal problema do país, mostrou o Datafolha. O tema foi apontado por 21% dos entrevistados como o grande problema a ser enfrentado, enquanto a saúde foi citada por 26% das pessoas ouvidas.
Assim como o pacote anticorrupção, o roteiro não é novo. Há anos o PT vem batendo na tecla de que a presidente precisa correr o país e divulgar sua administração. Ela, porém, costuma vetar agendas fora de Brasília e, desde novembro, não dá entrevistas. Seu programa de rádio, "Café com Presidenta", desativado na campanha, até agora não voltou ao ar.
Pronunciamento
Auxiliares de Dilma defendem, ainda, que a presidente use a rede nacional de rádio e televisão para explicar o pacote de medidas anunciado para reequilibrar as contas públicas e as ações do Executivo no combate a desvios éticos. A chefe, por ora, resiste a um pronunciamento nesses moldes, com receio de que isso acentue a percepção de crise.
Para alguns interlocutores de Dilma, ministros inclusive, o quadro político ainda pode piorar mais. Para outros, porém, a situação é reversível.
Impeachment provoca bate-boca entre tucano e petista
Folhapress
Líder do PSDB, o senador Cássio Cunha Lima (PB) afirmou ontem ser legítima a discussão sobre o impeachment de Dilma Rousseff. A fala irritou o petista Lindbergh Farias (RJ).
Lindbergh disse que os tucanos estimulam os movimentos pró-impeachment: "Tem uma minoria golpista se organizando neste país, como fizeram com Getúlio, João Goulart. Estimuladas pelo PSDB, que questionou o processo eleitoral ao seu final".
Na tribuna, Cássio Cunha Lima disse que a oposição não apoia os movimentos que pregam a saída de Dilma, mas que o PSDB considera legítimas as manifestações em defesa do impeachment. "Queda de popularidade não está prevista na Constituição como motivo para impeachment. A questão é muito mais grave. Estamos diante de um conjunto de fatos que levam, aí sim, a população a mencionar cada vez mais aquilo que é o impedimento da presidente."
Em defesa de Cunha Lima, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) disse que Lindbergh liderou o movimento pelo impeachment de Fernando Collor, mas condena os que pregam a saída de Dilma.
O petista disse que existiam denúncias que justificavam o afastamento de Collor: "Agora não há nada. Vocês estão sendo maus perdedores. Isso é golpismo. É grito de quem perdeu a eleição e está querendo mudar o resultado."
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