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A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (24) que as relações entre Brasil e África são baseadas em uma cooperação de vantagens mútuas e valores compartilhados. A presidente chegou no início desta tarde a Adis Abeba, capital da Etiópia, para participar das comemorações dos 50 anos da União Africana. A presidente não quis comentar assuntos da agenda nacional, como a indicação de Luís Roberto Barroso para o Supremo Tribunal Federal (STF).

"Eu acho uma deferência o Brasil ter sido convidado para falar em nome da nossa região nesse Jubileu de Ouro (da União Africana). Eu acho que (isso) reflete o fato e o reconhecimento da importância que o Brasil atribui à África", afirmou a presidente, ao chegar ao hotel onde está hospedada, depois de se encontrar com o primeiro-ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn. Segundo Dilma, Brasil e África mantêm uma cooperação "que não seja opressiva, que seja baseada em vantagens mútuas e valores compartilhados".

Ao comentar brevemente a agenda bilateral que teve com Desalegn, Dilma cometeu uma gafe ao chamá-lo de "presidente". "Eu estive há pouco com o presidente Hailemariam Desalegn e isso fica claro também nas relações bilaterais entre Brasil e a Etiópia. O Brasil quer não só estabelecer relações comerciais, investir aqui, vender para o país, mas o Brasil quer também uma cooperação no padrão sul-sul", comentou.

O comércio entre Brasil e Etiópia ainda é tímido - no ano passado, o Brasil vendeu maquinários e tabaco para a Etiópia, totalizando US$ 55 milhões, enquanto importou couro e peles da Etiópia por US$ 116 mil.

Integram a comitiva brasileira os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Antonio Patriota (Relações Exteriores), além do embaixador Roberto Azevêdo, eleito para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Esta é a terceira viagem de Dilma ao continente só neste ano - a presidente visitou a Guiné Equatorial, em fevereiro, para a III Cúpula América do Sul-África, emendando com uma passagem pela Nigéria, onde se encontrou com o presidente Goodluck Jonathan. Em março, participou em Durban, na África do Sul, da V Cúpula de Chefes de Estado e de Governo dos Brics.

Neste sábado, 25, Dilma participa pela manhã da abertura do Jubileu de Ouro da União Africana, na sede da União Africana, em Adis Abeba. Depois, participa de almoço com autoridades e, por fim, prestigia cerimônia de comemoração do Jubileu de Ouro, quando discursará.

Evento

A União Africana (UA) lembra no sábado os 50 anos de sua antecessora, a Organização da Unidade Africana (OUA), com uma cerimônia que contará com a participação de mais de 50 líderes de diversos lugares do mundo.

Além dos chefes de Estado da UE e diversos ex-governantes do continente, é esperada a presença da presidente Dilma Rousseff, do vice-primeiro-ministro da China, Wang Yang, do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e do secretário de Estado americano, John Kerry, afirmaram à Agência Efe fontes da UA.

Antes da cerimônia, Dilma deve se encontrar hoje com o primeiro-ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn.

Já no sábado, Dilma, única chefe de Estado latino-americana que participará da comemoração do jubileu de ouro da OUA, discursará perante o plenário de líderes da União Africana.

Também foram confirmadas as presenças dos presidentes da França, François Hollande, e da Comissão Europeia (CE), José Manuel Durão Barroso. A OUA foi fundada em 25 de maio de 1963 em Adis-Abeba - que abrigou a sede desde então e é um dos "epicentros diplomatas" do mundo - por 32 países africanos que então já eram independentes.

O imperador etíope, Haile Selassie, e o primeiro presidente da Gana independente, Kwame Nkrumah, foram alguns dos líderes destacados que iluminaram a organização pan-africana, integrada agora por 54 membros.

Apesar das conquistas da UA, que substituiu a OUA em 2002, a organização não esteve isenta de críticas frequentes sobre sua ineficácia na hora de resolver os múltiplos conflitos que assolaram o continente. EFE

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