Em sua primeira viagem internacional do segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff chegou na manhã desta quinta-feira, 22 à Bolívia, para acompanhar as cerimônias oficiais da posse do presidente Evo Morales, que inicia seu terceiro mandato.

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Em sua primeira viagem à Bolívia desde que assumiu a Presidência da República, Dilma chega a La Paz sem conseguir aprovar no Senado a indicação do novo embaixador do Brasil na Bolívia e sem uma conclusão sobre o processo aberto contra o diplomata Eduardo Saboia por conta do episódio da fuga do senador Roger Pinto Molina.

Há meses o Senado se recusa a aprovar o nome do novo embaixador em retaliação ao processo aberto pelo Itamaraty contra Saboia por ter ajudado na fuga do senador, um dos maiores opositores ao presidente Evo Morales.

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Dentro do Palácio do Planalto a avaliação é a de que a passagem por La Paz, retribuindo a presença de Evo Morales na cerimônia de posse da petista, carrega um simbolismo ao promover um relançamento da relação bilateral entre Brasil e Bolívia, após o estremecimento provocado pelo episódio da fuga do senador.

"É uma viagem para abrir portas", comentou uma fonte diplomática. Segundo um outro integrante do governo, mais que "uma cortesia diplomática", a passagem da presidente pela Bolívia marca uma busca por "normalizar as relações bilaterais", deixando de lado qualquer ruído.

Dilma chegou à Bolívia às 11h24 (horário de Brasília) e foi recebida no aeroporto pelo prefeito de El Alto, Edgar Hermogenes - o município é vizinho à cidade de La Paz. Dilma não fez nenhuma declaração ao chegar ao local.

A presidente recebeu do prefeito as chaves da cidade e uma manta rosa, que vestiu por poucos minutos, até devolvê-la ao entrar em um carro oficial.

Assuntos

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Entre os principais assuntos na relação entre os dois países está a cooperação energética - o gás natural boliviano representou 98% das importações brasileiras de produtos bolivianos em 2014.

A questão da fronteira é outro ponto delicado, devido à forte atuação do narcotráfico na região - a fronteira Brasil-Bolívia, porosa, está na rota do tráfico de drogas e do contrabando e é maior em extensão que a dos Estados Unidos com o México, por exemplo. Quase 90% da cocaína que entra no Brasil vem da Bolívia.

Os assuntos a serem tratados entre os dois países são muitos, mas devem ficar fora da pauta nesta viagem. A passagem de Dilma pela Bolívia será curta, limitando-se às cerimônias oficiais desta manhã e início da tarde.

Histórico

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez quatro viagens a Bolívia no primeiro mandato e outras quatro no segundo. Na última delas, em agosto de 2009, o principal motivo da viagem foi a assinatura de um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de US$ 332 milhões para a construção de uma estrada entre Villa Tunari e o departamento de Beni.

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"Assinar acordo de construção de estrada parece pouco, mas não é possível fazer a integração se não tiver possibilidade de as pessoas se locomoverem, de os produtos escoarem de uma cidade para outra", discursou Lula à época.

Em 2011, Morales suspendeu a construção do trecho entre Beni e Cochabamba, que corta um território indígena em que vivem três etnias. A violenta reação das comunidades indígenas pegou o Itamaraty de surpresa.