A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, já começou a articular sua candidatura presidencial com os partidos de esquerda que formam o "bloquinho" (PC do B, PSB e PDT). Nas conversas, Dilma tem afirmado que, apesar de valorizar a aliança com o PMDB, pretende reagrupar os parceiros históricos do PT. Mais: diz que seu destino político depende do êxito do governo Lula. Ela teria comentado, em café da manhã com dirigentes do PC do B, no dia 5, que quer continuar a obra de Lula, mas que será difícil sem ele.
O argumento oficial para essas reuniões é aproximar mais os partidos de esquerda do Planalto. O PSB do deputado Ciro Gomes (CE), por exemplo, é um dos que mais reclamam do "esquecimento" do governo. Ex-ministro da Integração Nacional, Ciro não esconde a contrariedade: quer lançar seu nome para a disputa ao Planalto e disse considerar "um grave erro" a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de apresentar candidatura única dos aliados.
Para o deputado Márcio França (SP), presidente do PSB paulista, os partidos da base de sustentação do governo "têm o direito de divergir" em relação à candidatura de Dilma. "Onde está escrito que os aliados precisam apresentar um só candidato?", provocou. "E por que tem de ser Dilma?" Na avaliação de França, Ciro deve entrar no páreo, em 2010. "Lula é nosso amigo, mas não precisamos concordar com tudo o que ele diz", comentou ele.
Integrantes do PSB e do PDT afirmam que uma eleição muito polarizada logo no primeiro turno entre Dilma e um candidato do PSDB - provavelmente o governador de São Paulo, José Serra - pode derrotar a chefe da Casa Civil. Por esse diagnóstico, o cenário ideal contemplaria o lançamento de pelo menos dois concorrentes de partidos da base, com a união dos governistas na segunda rodada.
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