Dilma participou de um evento com o Sem-Terra no RS: aposta na barganha política.| Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

A presidente Dilma Rousseff (PT) disse nesta sexta-feira (20) que, antes de discutir mudança em ministérios, é preciso aprovar o ajuste fiscal apresentado por sua equipe econômica. Em entrevista coletiva em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, ao ser questionada se faria uma reforma ministerial, a presidente respondeu que a prioridade são as medidas voltadas à economia.

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Stédile abre fogo contra ministros

  • Eldorado do Sul, RS

Ao lado da presidente Dilma Rousseff, o principal líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, fez nesta sexta-feira (20) um discurso em que defendeu a petista, atacou os ministros da presidente e convocou a militância para voltar às ruas no próximo dia 7 de abril. “Nenhum ministro aqui no Brasil deve se sentir superior ao povo”, afirmou.

Apesar de defender a escolha de Dilma, destacar que ela foi legitimamente eleita, Stédile fez críticas ao ajuste fiscal e disse que o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, deveria debater suas medidas para recuperar a economia com os trabalhadores. “Os ministros da senhora têm que ser mais humildes. Humildes para ouvir o povo, para saber quais são as propostas [que o povo quer]”, afirmou. “Se o orçamento tem problema, por que o “seu Levy” não vem discutir conosco.”

O líder do MST disse que não dá para fazer ajustes econômicos “apenas cortando gastos sociais”. “Quem tem que pagar a conta não são os trabalhadores. São os ricos e os milionários”, defendeu.

Em entrevista após o evento, Dilma disse que não poderia aceitar todas as críticas. “O que o Stédile faz é sugestões. Ele tem a concepção dele e eu tenho a minha. A concepção do movimento é uma, de um governo é outra. O governo olha para o país e vê vários setores, não vê só a agricultura familiar. Olhamos o país e vemos também o agronegócio, vemos todas as reivindicações. Acho absolutamente democrático a crítica dele. Agora, entre a crítica ser democrática e a gente aceitar a crítica tem uma pequena distância”, declarou Dilma.

“Não quero falar disso [reforma ministerial]. Precisamos aprovar o ajuste e, a partir disso, outras medidas serão tomadas”, afirmou, após participar da inauguração de uma unidade de secagem e armazenagem de grãos em um assentamento do MST. Segundo ela, outra prioridade do Executivo no momento é fazer um contingenciamento “expressivo” no orçamento tão logo o projeto de lei orçamentária seja sancionado.

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Dilma insistiu na defesa do ajuste fiscal, voltando algumas vezes ao assunto. “O ajuste é feito justamente para garantir continuidade no consumo e no crescimento. É pré-requisito e por isso fazemos questão que seja aprovado”, falou. As propostas encontraram resistências de partidos da base e da oposição. Nesta semana, ministros da equipe econômica reuniram-se com bancadas petistas para explicar a proposta em busca de apoio no Congresso.

Segundo Dilma, a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 só será cumprida com as medidas que foram encaminhadas ao Congresso Nacional e o contingenciamento que o Executivo pretende fazer “o mais rápido possível”. Ela, no entanto, não adiantou quando isso ocorreria concretamente, nem qual seria a dimensão do corte. “É imprescindível para o conjunto da nação a aprovação do nosso ajuste fiscal. Quanto mais rápido isso for feito, mais rápido o governo, a sociedade e a economia sairão de uma situação de maior restrição”, considerou.

Dilma minimizou o cenário de crise ao afirmar que o Brasil tem reservas substantivas e uma situação estável, além de uma relação da dívida sobre o PIB pequena na comparação com o resto do mundo. “Temos relação extremamente sóbria entre gasto com folha e orçamento.”

Desoneração

Também nesta sexta (20), Dilma enviou ao Congresso o projeto de lei que deve substituir a Medida Provisória da desoneração da folha de pagamento do setor privado, atendendo a pedido do presidente do Senado, Renan Calheiros.