Sem recados sobre a crise com sua base aliada no Congresso, a presidente Dilma Rousseff aproveitou a posse de seis novos ministros nesta segunda-feira (17) para, mais uma vez, defender sua política econômica e ainda sustentou que o "povo é sábio" para identificar quem está do seu lado.
Em um discurso de 20 minutos, Dilma afirmou que o Brasil "mantém hoje, diante de um quadro [no cenário econômico] que começa a melhorar internacionalmente, situação de estabilidade para enfrentar todas as conjunturas".
"Vocês ministros, junto com os demais ministros desse governo, contribuíram decisivamente para a construção e consolidação de um projeto de Brasil que propiciou algo raro: crescer e diminuir a desigualdade, construir mercado interno de massa e ao mesmo tempo manter os fundamentos macroeconômicos e garantir o Brasil que mantém hoje, diante de um quadro que começa a melhorar internacionalmente, situação de estabilidade parta enfrentar todas as conjunturas", afirmou Dilma.
Em meio ao aumento dos ataques de seus potenciais adversários nas eleições, a presidente disse ainda que as ações de seu governo são percebidas pela população.
"Nós deixamos de ser o país do futuro e esses brasileiros [ministros] são responsáveis pela gente estar construindo o Brasil do presente. O povo é sábio e sabe muito bem quem está do lado dele. Esses ministros que saem e os que entram estão lado do povo brasileiro", disse.
Dilma sustentou que 2014 será um ano de "muitas realizações". "Temos muito a fazer e nossos desafios hoje têm a consistência de enxergar o Brasil muito melhor."
Em tom eleitoral, a presidente destacou as ações dos ministros que deixam o governo para disputar as eleições de outubro.
Ela citou realizações do governo como 1,6 milhões de moradias entregues do Minha Casa, Minha Vida, além de 1,7 milhões de moradia contratadas do programa. A petista citou R$143 bilhões de investimentos em mobilidade.
A presidente fez ainda elogios aos ex-ministros. Disse, por exemplo, que Marcelo Crivella, que deixa o Ministério da Pesca, "fez história" e que Gastão Vieira deixou o Turismo "totalmente transformado".
Boicote
A bancada do PMDB na Câmara não compareceu à cerimônia. De olho nas eleições de outubro, essa é segunda troca que a presidente faz em seu primeiro escalão em pouco mais de um mês. As mudanças são motivadas especialmente para agradar aliados e garantir o tempo de TV para a corrida presidencial.
Os ajustes, no entanto, provocaram uma crise com o PMDB, seu principal aliado. Os deputados do partido chegaram a defender uma reavaliação da aliança para pressionar por mais espaço no governo e articularam derrotas para o Planalto na Câmara, o que acabou acelerando a reforma.
Em meio ao desgaste com os deputados do PMDB, a presidente acabou reduzindo o tamanho da bancada na Esplanada. Dilma indicou para o Turismo Vinicius Lages, afilhado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O ministério era da cota do PMDB Câmara. Na Agricultura, foi nomeado Neri Geller, um nome do setor, mas que agrada aos peemedebistas. Na cota do PP, Dilma nomeou Gilberto Occhi, atual vice-presidente de governo da Caixa Econômica Federal, para o Ministério das Cidades.
O PT manteve o Ministério do Desenvolvimento Agrário com a indicação do ex-presidente da Petrobras Biocombustível e ex-ministro Miguel Rossetto. Ele entra no lugar de Pepe Vargas (PT-RS).
O PRB também manteve a sua pasta. Eduardo Lopes (PRB-RJ) assumirá o Ministério da Pesca e Agricultura no lugar de Marcelo Crivella (PRB-RJ).
Dilma nomeou ainda o ex-reitor da Universidade de Minas Gerais Clélio Campolina Diniz para o Ministério de Ciência e Tecnologia na lugar de Marco Antônio Raupp.
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