A presidente afastada, Dilma Rousseff, fará pessoalmente sua defesa no julgamento do Senado, provavelmente no dia 29 de agosto.
“Será a manifestação de uma presidente que irá ao Senado e que está sendo julgada por um processo de impeachment sem crime de responsabilidade”, disse a presidente por telefone à reportagem do jornal Folha de S. Paulo na manhã desta quarta-feira (17).
Questionada se não temia atitudes agressivas por parte de alguns senadores, respondeu: “Nunca tive medo disso. Aguentei tensões bem maiores na minha vida. É um exercício de democracia”.
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Leia a matéria completaDilma ficou particularmente incomodada com avaliações veiculadas na imprensa de que ela poderia não ir ao Senado por temer perguntas de seus oponentes e possíveis ataques no plenário do Senado. Essas avaliações levavam em conta o fato de sua ida prever, além de discurso, perguntas por parte de seus julgadores.
“Se eles quiserem que o Brasil veja um show do tipo de 17 de abril (data da votação do processo de impeachment na Câmara)...”, disse, deixando implícita a conclusão da frase.
A Folha de S.Paulo publicou nesta quarta que Dilma Rousseff dava sinais de que estaria disposta a fazer pessoalmente sua defesa no julgamento final do impeachment.
No PT, os incentivadores de seu comparecimento ao Senado diziam que a petista “cresce na adversidade”, lembrando que ela, quando ministra, “destruiu” o oposicionista José Agripino ao ser por ele confrontada em uma sessão.
Programação
A previsão dos senadores é de que a votação final aconteça apenas na quarta seguinte (31). Os parlamentares também deverão trabalhar em parte do final de semana.
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, esteve no Senado nesta quarta (17) para combinar com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os demais senadores o roteiro desta última etapa.
A principal preocupação do ministro era não realizar sessões durante o fim de semana sob o argumento de que, nem o STF e nem o Senado trabalham normalmente nestes dias. Lewandowski não queria que houvesse espaço para posteriores questionamentos da defesa e críticas de que o processo foi “atropelado”.
O ministro, no entanto, acabou tendo que ceder já que existe a possibilidade de que a oitiva das testemunhas acabe apenas no sábado. O processo começará na quinta (25), às 9h, com a apresentação das chamadas “questões de ordem”, que são pedidos feitos por senadores sobre o trâmite do processo. Em seguida, os senadores iniciarão a oitiva das duas testemunhas indicadas pela acusação.
Assim que acabar esta parte, os senadores iniciam a oitiva das testemunhas de defesa. O advogado de Dilma, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo indicou seis pessoas, número máximo permitido. De acordo com Lewandowski, ficou acordado entre os parlamentares que eles prosseguirão com a sessão durante o tempo necessário para que todos sejam ouvidos. Ou seja, é provável que esta fase acabe apenas no sábado (27) já que a previsão é de que cada uma leve, em média, oito horas.
O Senado retomará a sessão na segunda (29), às 9h, com a presença de Dilma. Como a Folha de S.Paulo antecipou, a presidente irá pessoalmente se defender. Ela terá meia hora, prorrogável pelo tempo que for necessário, para discursar. Assim que ela acabar, cada senador poderá questioná-la em até cinco minutos e a presidente terá o mesmo tempo para responder. A expectativa é de que Dilma passe o dia no Senado.
Na terça, os parlamentares retomam a sessão com a etapa em que cada um pode discursar por até dez minutos. A expectativa é de que esta fase dure cerca de 20h, o mesmo tempo que os senadores demoraram nas duas fases anteriores do processo, quando decidiram pelo afastamento da presidente e quando a tornaram ré no processo.
Quando os discursos acabarem é que os advogados de acusação e defesa apresentarão suas alegações finais. Só então, os senadores iniciarão a votação que deve decidir pela saída definitiva de Dilma Rousseff da Presidência da República.
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