Para analistas, presidente passou recado de que cobrará fidelidade
O anúncio da presidente Dilma Rousseff de que manterá Carlos Lupi no Ministério do Trabalho inclui, nas entrelinhas, o recado de que, a partir de agora, o governo federal irá cobrar fidelidade plena do PDT, caso a sigla pretenda manter o seu espaço na Esplanada dos Ministérios.
Brasília - Um dia depois de ter excluído o PDT da reunião da base de apoio com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, o governo decidiu reabilitar o partido e ontem, em duas ocasiões, não apenas reafirmou que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado da legenda, permanece no cargo, como anunciou que no próximo encontro de lideranças aliadas o PDT estará presente.
No início da tarde, a própria presidente fez questão de elogiar Lupi, dizendo que ele gozava de sua "inteira confiança". Dilma havia ficado contrariada com a postura do PDT na votação do projeto de lei que fixou o salário mínimo em R$ 545 neste ano. Na avaliação do Palácio do Planalto, Lupi havia feito corpo mole para tentar demover seus liderados a enfrentar o governo.
Ao ser perguntada se Lupi permaneceria no cargo, Dilma respondeu: "Sem dúvida nenhuma. Acho estranho como é que, em alguns momentos, os meus ministros ficam ou saem de acordo não comigo. Nessa história, sou a última a saber. Queria entender por que o ministro Lupi não ficaria", afirmou.
Ao ser lembrada do veto do Planalto à presença do PDT na reunião de líderes ocorrida quarta-feira, com a presença da própria Dilma, a presidente saiu em defesa de seu ministro.
"O ministro Lupi é de minha inteira confiança. O PDT estará no Ministério do Trabalho. Agora, eventuais problemas dentro da base serão resolvidos pelo próprio partido, e não pelo governo. Vou reiterar: o ministro Lupi é da minha confiança. Inclusive hoje [ontem], antes de receber o Xanana [Gusmão], primeiro-ministro do Timor Leste], eu recebi o ministro para um despacho normal."
Convite
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), ligou ontem para o líder do PDT na Casa, Giovanni Queiroz (PA), convidando-o a participar da próxima reunião de líderes da base aliada, que acontecerá em 15 de março. Segundo a assessoria do PDT, o líder aceitou prontamente o convite.
Giovanni Queiroz não foi convidado para o encontro de líderes da base aliada com Dilma na última quarta-feira porque foi o único dos líderes a votar a favor do salário mínimo de R$ 560. Vaccarezza negou que a exclusão do pedetista do encontro tenha sido uma forma de castigá-lo pela desobediência à orientação do governo, que defendeu o valor de R$ 545.
"Não teve castigo, não teve geladeira. Não queríamos criar situações constrangedoras para um lado e para o outro. O PDT será convidado para as reuniões do conselho político [com Dilma], onde vamos discutir políticas para o país", disse Vaccarezza.
Sobre a exclusão de seu partido, o líder do PDT reagiu na quarta-feira afirmando que não existe alinhamento automático de sua bancada. "Somos aliados e não subordinados. Isso tem de ficar bem claro e temos certeza de que não teremos dificuldades de convivência com o governo, que compreende isso", afirmou.
Manobra
A irritação com o deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) continua. Vaccarezza comentou que Paulinho teria declarado que procuraria a oposição para discutir a correção da tabela do Imposto de Renda. "Acho um caminho equivocado. A não ser que ele tenha laços políticos com a oposição. Aí, é legítimo."
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