A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, deixou em aberto nesta segunda-feira o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à campanha eleitoral em 2014. Caso a petista seja eleita em outubro para um mandato que se inicia em 2011, terá direito à reeleição.
"Quando chegar a hora, a gente conversa sobre isso", disse Dilma em encontro com uma plateia de quase 500 integrantes do Grupo Lide de Líderes Empresariais.
Dilma, escolhida pelo presidente Lula --que goza de alta popularidade-- para concorrer às eleições pelo PT, se disse a favor da reeleição e contrária à ampliação do mandato para cinco anos.
Questionada na entrevista sobre 2014, disse que mantinha sua resposta "mineira" e que poderia ser indagada novamente apenas em 2013.
Ela evitou comentar diretamente o empate com o principal adversário, José Serra (PSDB), registrado pelo Ibope e pelo Datafolha, mas admitiu que houve "uma evolução" em sua candidatura, que se deve ao fato de cada vez mais ela ser conhecida pelo eleitorado.
"Mas muita coisa vai acontecer até a eleição", afirmou.
A candidata foi econômica ao comentar o orçamento de sua campanha eleitoral, totalizando 157 milhões de reais, abaixo do que a campanha de Serra pretende gastar.
"Não é muito nem pouco. Acho que foi um orçamento que fizeram", afirmou. Os valores constam do registro das candidaturas realizados no Tribunal Superior Eleitoral.
A ex-ministra também fez críticas ao governo anterior, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), aliado de seu adversário José Serra.
Ela disse que quando assumiu o Ministério de Minas e Energia, em 2003, primeiro ano do governo Lula, encontrou a pasta com 25 motoristas e apenas um engenheiro. "Pudera que o pessoal ia saber que iria ter apagão no Brasil", afirmou, ironizando o desabastecimento de energia em 2001 e 2002.
Quanto ao aperfeiçoamento da máquina pública, uma promessa de Serra, deixou claro que não haverá enxugamento e defendeu a profissionalização dos servidores e a ascensão pelo mérito.
"Enxugar lembra coisa ruim. Um corte linear dá nisso que passamos, não tinha projeto."
Crítica aos Estados Unidos
No fronte externo, a candidata defendeu o diálogo do Brasil com os demais países, advogando que política externa se faz com a cabeça e não com o fígado. Criticou, no entanto, as invasões do Iraque e do Afeganistão pelos Estados Unidos.
"Eu não acho correta a invasão do Iraque. Acho que a invasão do Iraque, fazendo um balanço agora, criou o maior tumulto no Oriente Médio e na região. Acho que eu e a metade do globo terrestre temos (esta opinião)", declarou. "Não se faz política externa impondo seu modelo", completou.
No discurso, Dilma indicou suas prioridades na área econômica e voltou a dizer que o país só ingressará no bloco dos países desenvolvidos se erradicar a miséria extrema e proporcionar a inclusão social.
O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB), candidato a vice na chapa petista, acompanhou Dilma no evento. Entre os empresários, estavam presidentes da Fiat, Nestlé, Embratel, Mann, Souza Cruz, além do ex-ministro Luiz Fernando Furlan.
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