Em entrevista ao jornal norte-americano Washington Post, a presidente Dilma Rousseff se disse vítima de argumentos sexistas. “Você já ouviu alguém dizer que um presidente homem se intromete em tudo? Eu nunca ouvi. Acredito haver um pouco de viés de gênero. Sou descrita como uma mulher dura e forte que põe o nariz onde não é chamada e sou cercada por homens fofos”, ironizou a presidente.
Presidente terá “agenda do futuro” nos Estados Unidos
- são paulo
- Estadão Conteúdo
Quando se encontrarem em Washington na terça-feira (30), os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama darão sinais de que viraram a página da crise gerada pela espionagem dos Estados Unidos e que estão prontos para colaborar em uma série de temas, entre os quais o combate à mudança climática terá papel central. Também anunciarão a intenção de dobrar o comércio bilateral em dez anos, no momento em que o Brasil olha para além de suas fronteiras em busca de oxigênio para sua economia. O encontro terá, como prioridade, o futuro da relação entre os países.
Com apenas dois meses de preparação, a agenda da visita será uma colcha de retalhos, com acordos de facilitação de comércio, defesa, educação e ciência e tecnologia.
Ao ser questionada sobre sua queda de popularidade, hoje em 11% segundo a última pesquisa Datafolha, Dilma disse se preocupar, mas sem “perder o rumo”. E também atribuiu a avaliação a um preconceito por ser mulher. “Me preocupar não significa puxar meus cabelos ou perder o rumo. Você tem de conviver com as críticas e com o preconceito”, afirmou.
A presidente disse ainda que não há “modelo pronto” de governo e que, quando erros são cometidos, fazem-se os ajustes necessários. Segundo a presidente, foi identificado uma piora na situação econômica do país no fim de 2014, com queda da arrecadação. Mas, afirmou, a expectativa é de melhora no ano que vem.
“Nossa expectativa é a de que o próximo ano seja uma situação bem melhor. De 2016 em diante, nós vamos começar a crescer em um novo padrão de crescimento.”
Legado
Dilma afirmou que a marca que quer deixar é de uma enorme redução na desigualdade. Falou também que pretende criar condições para que as mudanças sociais no país sejam permanentes. Ela destacou que os 12 anos de gestão petista conseguiram alçar 50 milhões de pessoas à classe média. “Nosso principal objetivo é que o Brasil se torne um país de classe média.”
A presidente minimizou o efeito que a recente alta no desemprego pode ter sobre a desigualdade social e disse considerar pouco provável haver grandes manifestações de rua por causa do agravamento no mercado de trabalho. Admitiu haver uma preocupação com a situação do emprego, mas argumentou que essa preocupação sempre existiu e, que antes de haver os recentes cortes, o Brasil gerou 5,5 milhões de postos de trabalho.
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