A presidente Dilma Rousseff (PT) cancelou o pronunciamento que faria na noite desta sexta-feira (15) em cadeia nacional de rádio e televisão para pedir apoio contra o processo de impeachment que está sofrendo. Ela desistiu depois de receber a orientação da Advocacia Geral da União (AGU). O ministro José Eduardo Cardozo assistiu ao vídeo e avaliou que o discurso poderia trazer problemas jurídicos, já que seu conteúdo era principalmente político para um espaço voltado à fala institucional.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República avalia uma veiculação neste sábado (16) ou somente nas redes sociais, como era a ideia inicial do governo.
A oposição chegou a entrar com uma ação na Justiça Federal de Brasília para barrar o pronunciamento, alegando que não há justificativa para a medida que seria para uso pessoal.
O vídeo
Segundo a reportagem apurou, a presidente Dilma Rousseff pretendia afirmar que os defensores do impeachment podem até ter suas justificativas, mas que a história os deixará com a “marca do golpe”.
No discurso que chegou a ser gravado na manhã desta sexta-feira (15), no Palácio da Alvorada, a petista ressaltava ainda que não pesa nenhuma denúncia de corrupção contra ela e que o impeachment pode representar um perigo para a democracia brasileira.
Ela pediria ainda à população que converse com os deputados federais de seus Estados para que eles “fiquem ao lado da democracia” e “respeitem a Constituição Federal”. Segundo ela, há um “golpe em curso no país” e é preciso lutar pela democracia.
A primeira proposta era que Dilma gravasse uma mensagem para ser veiculada nas redes sociais, mas, diante do cenário adverso para o governo federal, que encontra dificuldades para barrar o impeachment no domingo (17), ficou definido que era melhor o pronunciamento oficial.
A proposta de ir à televisão foi construída junto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele, por sua vez, gravou também uma mensagem com o discurso alinhado ao de Dilma. A fala do petista foi veiculada nas redes sociais.