Em entrevista à CNN Internacional, a presidente Dilma Rousseff confessou que ficará muito triste se não estiver à frente da Presidência durante as Olimpíadas.
A entrevista, feita pela jornalista Christiane Amanpour, foi gravada na quarta-feira à tarde no gabinete da presidente no Palácio do Planalto. Dilma demonstrou grande melancolia ao responder sobre as Olimpíadas.
“Se isso acontecer, eu ficarei muito triste porque, primeiro, nós fizemos um enorme esforço no espírito de parceria com o governo do Rio de Janeiro e nos engajamos num esforço no qual aprendemos muitas lições da recente Copa do Mundo. Nós vamos deixar um legado na forma de melhoras urbanas para o Rio de Janeiro. Eu gostaria muito de participar das Olimpíadas porque eu ajudei a construir desde o primeiro dia a matriz de responsabilidade”, disse, emendando que, na verdade o que a deixa mais triste é o fato de ser “vítima de uma injustiça”, no caso, o impeachment.
Quando perguntada sobre o que teria feito diferente, Dilma disse que a Câmara a impediu de levar à frente reformas estruturantes na área econômica. E ponderou que o governo “ouviu” as manifestações das ruas, em 2013.
Dilma foi perguntada pela jornalista se achava que poderia ser uma política melhor. Ao que a presidente afirmou que o ex-presidente Lula é um político muito melhor que ela e, a exemplo da presidenciável americana Hillary Clinton, citada por Amanpour, ela também é uma “fazedora”.
A presidente se alongou ao explicar as acusações que pesam sobre ela no processo de impeachment que está sendo analisado pelo Senado. Segundo Dilma, como não podem tirá-la da Presidência por corrupção, a acusam de manobras fiscais.
“Estou sendo acusada de transferir fundos de uma rubrica do Orçamento para outra, para realizar transferências para cidadãos. A regra até recentemente dava ao governo seis meses para equalizar a diferença. Estou sendo julgada por gastos federais e pedaladas fiscais. Como não podem me acusar por corrupção, estou sendo acusada por uma questão orçamentária”, afirmou.
Dilma foi perguntada se não seria melhor renunciar à Presidência. Respondeu que não, porque seu mandato não pertence a ela, mas aos 54 milhões de brasileiros que votaram nela em outubro de 2014.