Após duas horas de conversa, a presidente Dilma Rousseff acertou com seu vice, Michel Temer (PMDB-SP), que definirá no próximo dia 29 o espaço do PMDB na reforma ministerial. A reunião desta quarta-feira (15) foi a segunda entre Dilma e Temer nesta semana para tratar da nova composição do primeiro escalão. O principal objetivo da presidente com a mudança ministerial é garantir mais tempo de TV para sua campanha. As trocas serão feitas principalmente em vagas de ministros que vão deixar o cargo para disputar as eleições, como Alexandre Padilha (Saúde), que deve se candidatar a governador de São Paulo.
A principal reivindicação do PMDB é comandar o Ministério da Integração. Na segunda-feira, a presidente avisou aos peemedebistas que não tinha a pretensão de dar um sexto ministério para a legenda, o que gerou insatisfação nos integrantes do partido. A presidente precisa acomodar outros aliados, como o PTB, Pros e PSD.
O PMDB já controla as pastas de Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Previdência e a Secretaria de Aviação Civil. O recado gerou mal-estar com o partido aliado, que chegou a ameaçar antecipar sua convenção para discutir os rumos nas eleições de outubro. Diante das reclamações, Dilma convocou Temer para uma nova rodada de negociação horas antes de um encontro da cúpula do PMDB no Palácio do Jaburu, residência da Vice-Presidência. Além de Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também esteve com a petista.
O presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), afirmou na noite desta quarta-feira que a decisão da presidente Dilma Rousseff sobre a reforma ministerial só deve ser tomada depois que ela retornar da viagem internacional ao Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça). "Nas duas reuniões (do vice-presidente Michel Temer com Dilma) não houve conclusão e a presidente só vai resolver após a viagem a Davos, Cuba e Venezuela", disse Raupp.
Embora o PMDB pressione por mais um ministério na Esplanada, Raupp reafirmou que o assunto "é da competência da presidente". A viagem internacional de Dilma está prevista para o dia 22 de janeiro. O presidente do PMDB negou que o partido esteja brigando por mais espaço e disse ainda que a reunião da noite desta quarta-feira no Palácio do Jaburu continua com o foco nas alianças regionais. "O partido cobra a redução do número de ministérios. Não podemos neste momento brigar por mais cargos", pontuou.
Dilma teria amenizado o tom e repassado que ainda não há definições porque consultas estão sendo feitas aos aliados. Na chegada para a reunião, o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), minimizou o desgaste na relação do PMDB com o PT por conta do ajuste ministerial e disse não acreditar numa rebelião de seus correligionários. "Não pode sofrer por antecipação. Ainda não há definição. O PMDB não está colocando a faca no pescoço da presidente para exigir mais cargos nesse momento em que o Brasil precisa de unidade política e não de crise política", afirmou.Raupp, no entanto, admitiu que há problemas nas questões estaduais e disse que a legenda vai lançar 18 candidatos a governos. Reunião do PMDB
A cúpula do PMDB reúne-se nesta quarta-feira (15) à noite para discutir a permanência no governo Dilma Rousseff em um clima de tensão entre as lideranças. O partido está contrariado com a resistência da presidente em ceder o Ministério da Integração Nacional à legenda e também com a indefinição dos palanques estaduais que envolvem petistas e peemedebistas. O movimento interno para afastar-se do governo começou na segunda-feira (13) após uma reunião da presidente com o vice Michel Temer, quando negou a ampliação do partido no comando de ministérios. O gabinete de Dilma apostar em um blefe do partido.
Participarão do encontro os principais caciques do partido: os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), os líderes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (CE), o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM) e o ex-presidente e senador José Sarney (AP). A caminho de Brasília, o presidente da Câmara disse que o "clima está tenso". Outros dois participantes do encontro também admitem dificuldades na relação. "A única coisa que eu posso te dizer é que há uma insatisfação muito grande", acrescentou um senador. "Por que vou dar os cinco minutos de TV do PMDB para o PT?", insuflou um terceiro convidado para a reunião.
Os peemedebistas argumentam que o governo Dilma não tem dado a devida importância para um partido com o tamanho e a influência do PMDB, a segunda maior da Câmara e a maior do Senado. Eles afirmam que eram mais bem tratados no governo Lula, quando tinham seis ministérios de maior peso político - apesar de não ocasião não terem a vice-presidência.
Na reforma ministerial que Dilma prepara para as próximas semanas, os peemedebistas querem emplacar o senador Vital do Rêgo (PB) na pasta da Integração Nacional, responsável pela transposição do Rio São Francisco e com grande capilaridade no Nordeste. "A única coisa real é que a não confirmação do Vital para a Integração gerou uma insatisfação muito grande no PMDB", afirmou um líder partidário, ao lembrar que o senador paraibano foi um nome de consenso entre os peemedebistas do Congresso.
Outro ressentimento do partido é que nada avançou na construção das alianças regionais. Ao contrário, piorou desde a eleição da nova direção do PT, em novembro, momento em que os peemedebistas acreditavam que os acordos começariam a ser fechados. No Rio de Janeiro, no Piauí e talvez no Maranhão, por exemplo, petistas e peemedebistas devem estar em lados opostos nas disputas aos governos estaduais. Diante do impasse, alguns caciques avaliam até recorrer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mentor político de Dilma, para resolver a questão.
Os peemedebistas estão em crise no namoro com a presidente. Alguns insuflados falam reservadamente até em acabar a relação, possibilidade considerada remota pelos mais realistas.
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