Em meio à crise política que derrubou seu ministro mais forte, a presidente Dilma Rousseff empossou nesta quarta-feira a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) como chefe da Casa Civil e afirmou que o governo não se paralisará diante de embates políticos.

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As suspeitas em relação ao crescimento patrimonial de Antonio Palocci, que renunciou na terça-feira, levantaram críticas de que o governo estava paralisado e contribuíram para o fortalecimento do embate político com a oposição e entre membros de partidos aliados, alguns fiéis na defesa do então ministro e outros a favor de explicações públicas dele.

"É do jogo democrático que enfretemos a oposição, quase sempre ruidosa, nem sempre justa. A pressão e as críticas são da regra democrática e não vão inibir a ação do meu governo", disse Dilma na cerimônia de posse de Gleisi.

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"Jamais ficaremos paralisados diante de embates políticos. Sabemos travar o debate e ao mesmo tempo governar", afirmou.

"Temos promessas a cumprir e vamos cumpri-las, temos programas a executar e vamos executá-los, com rigor e com dedicação. Meu governo... tem metas e vai alcançá-las", disse.

Dilma emocionou-se ao se despedir de Palocci, encarregado da articulação política do governo enquanto chefiava a Casa Civil e foi um dos responsáveis pela vitoriosa campanha dela à Presidência, no ano passado.

A presidente destacou a capacidade de articulador do "amigo" e o seu desempenho no governo.

"Eu estaria mentindo se dissesse que não estou triste. Tenho muitos motivos para lamentar a saída do ministro Antonio Palocci", disse.

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"Firmeza no apoio do governo"

A nova Casa Civil terá Gleisi como gestora dos programas do governo federal, restando ao Secretaria de Relações Institucionais toda a articulação política do Planalto. Sob comando do ministro Luiz Sérgio, a pasta enfrenta críticas de parlamentares pelo diálogo deficiente com o Executivo.

Dilma destacou a competência da nova ministra como "administradora", "o destemor com que defende suas convicções e pela firmeza no apoio ao governo".

"É mais uma mulher competente, uma mulher firme e uma mulher capaz de fazer parte do nosso time", disse a presidente.

"Prepare-se, minha cara ministra Gleisi, os nossos compromissos são ousados, como é o de manter a economia em crescimento, controlar a inflação, garantir a rigidez fiscal, criar mais e mais empregos, investir pesadamente em educação, fortalecer a nossa classe média, distribuir renda e, sobretudo, assegurar que um país rico é um país sem miséria", afirmou.

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Gleisi disse que terá como exemplo a própria Dilma, que dirigiu a pasta durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Foi aqui, nesta mesma Casa Civil, que a presidenta Dilma mostrou sua capacidade de conduzir a nação. Pretendo trabalhar aqui com a mesma lealdade e seriedade da presidenta."

Cabeça erguida

Primeiro a discursar, Palocci foi recebido de pé e sob fortes aplausos. Na despedida, um dia após entregar carta de demissão a Dilma, classificou-se como um construtor de pontes e atribuiu sua saída ao acirramento político sobre a questão patrimonial.

"Minhas atividades foram sendo progressivamente comprometidas pelo ambiente político. Se vim para ajudar a promover o diálogo, saio agora para ajudar a preservá-lo", disse, sendo novamente aplaudido.

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Fez menção a ministros do governo e líderes dos partidos da base, que nas últimas semanas não esconderam irritação com a fraca articulação e diálogo com a Presidência, assumiu responsabilidade pelas dificuldades na relação, mas disse que saía de "cabeça erguida".

A saída de Palocci ocorreu três semanas após a revelação de que seu patrimônio aumentou 20 vezes entre 2006 e 2010, período em que foi deputado federal por São Paulo.

O petista rompeu o silêncio sobre o caso apenas na sexta-feira, ao conceder duas entrevistas em que rejeitou ter exercido tráfico de influência por meio de sua consultoria, a Projeto, mas negou-se a divulgar os clientes para os quais prestou serviços.

Na segunda-feira, véspera de sua saída, a Procuradoria-Geral da República (PGR) arquivou pedido de investigação por suposto tráfico de influência, o que não foi suficiente para acalmar os ânimos e evitar sua queda.

Ao despedir-se, disse que o relatório da PGR confirmou o que vinha dizendo, que trabalhou "dentro da mais estrita legalidade, respeitando rigorosamente os padrões éticos que se impõem aos homens públicos."

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