Dilma com a rainha Silvia e o rei Carl Gustaf durante visita a Suécia| Foto: TT NEWS AGENCY/REUTERS

A presidente Dilma Rousseff afirmou neste domingo, durante viagem à Suécia, que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, permanece no cargo, após especulações de que deixaria o governo, e voltou a defender a CPMF para que o país volte a crescer.

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“O ministro Levy fica”, disse a presidente em entrevista coletiva em Estocolmo, na Suécia.

Dilma durante entrevista coletiva 
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Ao ser questionada sobre declarações do presidente do PT, Rui Falcão, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, de que o ministro deveria deixar o cargo, caso resista a mudanças na política econômica, Dilma disse que a opinião dele não é a do governo.

“A gente respeita a opinião do presidente do PT, até porque ele é o presidente do partido que integra a base aliada, do partido mais importante, mas isso não significa que seja a opinião do governo”, afirmou.

Ainda falando sobre Levy, Dilma negou ter discutido com o ministro em reunião na sexta-feira a possível saída dele do cargo, como chegou a ser noticiado pela coluna Radar, da revista Veja, em sua versão na Internet. E também afirmou que o ministro não falou sobre qualquer insatisfação dele no cargo.

“Não tinha nenhuma insatisfação dele. Eu não sei como é que saem essas informações, elas são muito danosas”, disse Dilma, acrescentando que “se ele fica, é porque concordamos com a política econômica dele”.

Segundo Dilma, durante a reunião de sexta-feira, da qual também participaram os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e do Planejamento, Nelson Barbosa, foram discutidas estratégias para garantir que se aprovem no Congresso Nacional as principais medidas que vão levar ao equilíbrio fiscal.

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‘Eu lamento que seja um brasileiro’, diz Dilma sobre Cunha

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“Vai ser muito importante que a gente aprove um conjunto de medidas até o final do ano... Uma especificamente: a CPMF”, disse a presidente.

“O Brasil precisa aprovar a CPMF para que a gente tenha um ano de 2016 estável do ponto de vista do reequilíbrio das nossas finanças”, afirmou a presidente, ressaltando que também está em discussão a aprovação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), que permite ao governo remanejar livremente parte do que arrecada, e outras medidas provisórias que integram o ajuste fiscal.

Segundo Dilma, a CPMF é “crucial” para o país voltar a crescer. “Sem a CPMF é muito difícil” que o país alcance o reequilíbrio fiscal e volte a crescer, avaliou.

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“É um grau de dificuldade máximo. Nós precisamos estabilizar as contas públicas para que o país volte a crescer, para que se perceba que o Brasil tem uma solidez fiscal”, disse.

O governo tem enfrentado dificuldades para ver aprovadas as medidas de ajuste fiscal no Congresso Nacional e tenta reverter a falta de unidade e apoio da base governista. A volta da contribuição sobre movimentação financeira esbarra em forte resistência e, na semana passada, o relator da proposta de Orçamento para 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), chegou a dizer que não incluirá a previsão de arrecadação da CPMF em seu texto por considerar sua aprovação incerta.

Diálogo

A presidente afirmou ainda que não se sai da crise se houver contradições e rupturas. Dilma disse que é necessário buscar sistematicamente um ambiente de diálogo.

“Nós ainda temos de alcançar uma estabilidade política baseada em um acordo no sentido de que interesses partidários, pessoais, de cada corrente, têm de ser colocados abaixo dos interesses do país”, afirmou. Ao ser questionada sobre a que tipo de acordo se referia, disse que a um acordo com toda a sociedade.

Dilma negou qualquer acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para uma trégua na tramitação do impeachment.

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“Acho estranho atribuírem ao governo qualquer tipo de acordo que não seja acordo que se faz com presidente de Poder para passar CPMF, DRU, MPs (medidas provisórias)”, disse Dilma ao ser questionada sobre a possibilidade de um acordo com Cunha, que deve decidir se aceita ou rejeita os pedidos de impedimentos apresentados contra a presidente.

“Eu acho fantástico essa conversa de que o governo está fazendo acordo com quem quer que seja”, disse. “O

acordo de Eduardo Cunha não é com o governo, era com a oposição. Era público e notório. Até na nota aparece”, disse, referindo-se a comunicado do PSDB, DEM, PPS e PSB, no qual a oposição pediu o “afastamento do cargo” do presidente da Câmara para “exercer seu direito constitucional à ampla defesa”.

A presidente não quis comentar denúncias que recaem sobre Cunha de que teria contas bancárias na Suíça, nas quais receberia propina. O presidente da Câmara, que negou ter contas no exterior, é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) motivados por denúncias do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Ao ser questionada sobre a repercussão internacional de um escândalo com o presidente da Câmara, Dilma disse: “Lamento que seja um brasileiro.”

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