Dilma Rousseff disse desconhecer caixa 2 em campanha, como afirmou o marqueteiro João Santana.| Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A presidente da República afastada, Dilma Rousseff, disse que os fundamentos da economia não mudam em dois meses e que, se há melhora na atividade, isso não é resultado do governo do presidente interino, Michel Temer.

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“Todos os fundamentos da economia foram dados no meu governo. Em dois meses ninguém recupera nada”, afirmou Dilma na manhã desta quarta-feira (27) em entrevista à Rádio Educadora, de Uberlândia (MG).

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Dilma apontou que, após o referendo que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), no fim do mês passado, o ministro interino da Fazenda, Henrique Meirelles, divulgou um comunicado afirmando que os fundamentos da economia brasileira são sólidos, citando o volume de reservas internacionais e o forte ingresso de investimento estrangeiro.

“O Brasil tem US$ 376 bilhões em reservas e isso não foi feito em dois meses, foi feito no governo do Lula e no meu. Graças a isso o mundo pode tossir que a gente não pega uma pneumonia”, afirmou.

Segundo Dilma, outros aspectos também estão melhorando, como a tendência de queda da inflação e o início da recuperação da indústria. De acordo com ela, o problema é que durante seu governo havia uma tentativa sistemática da grande imprensa de criar um mau humor sobre a economia brasileira. “Pela mídia, todos os dias o mundo ia cair na nossa cabeça. Quando isso para de acontecer, diminui o mau humor, o mal estar. É isso que está acontecendo agora”, respondeu quando questionada sobre a atual melhora nas expectativas com a economia brasileira.

Jogos Olímpicos

Dilma também reafirmou que não vai participar da abertura oficial dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Segundo ela, toda a preparação para a competição foi feita nos governos dela e de Lula. “Eu tive uma participação absolutamente direta, mas agora quem vai para o palanque oficial é uma pessoa que não trabalhou. Eu não vou participar na condição de espectadora de um ato em que eu fui protagonista. Por isso eu prefiro não ir e não criar nenhum constrangimento”, disse.

A presidente afastada lembrou que o Brasil tem experiência em receber megaeventos, como a Copa do Mundo e a Jornada Mundial da Juventude, e tem capacitação na área de segurança, inclusive para enfrentar ameaças de terrorismo. “O país está preparado para os jogos. O governo interino não mandou embora as pessoas responsáveis no meu governo pela área de segurança da Olimpíada, então espero que eles não tenham comprometido esse processo”, afirmou.

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Ela também comentou sobre as críticas que algumas delegações estrangeiras têm feito em relação às acomodações no Rio. De acordo com Dilma, a Vila dos Atletas, que é responsabilidade da prefeitura carioca, “é a única infraestrutura que tem problemas”. “Tanto a Vila Olímpica, na Barra, quanto a Vila de Deodoro estão em perfeitas condições de infraestrutura, segurança e energia”, apontou.

Caixa 2

Dilma Rousseff, se esquivou de responsabilidades sobre a denúncia de caixa 2 na sua campanha de 2010 e deu a entender que o problema é do PT. O publicitário João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, alegaram na semana passada que US$ 4,5 milhões recebidos em uma conta na Suíça tiveram como origem caixa 2 da campanha de Dilma. O casal foi interrogado em Curitiba pelo juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância.

“Se ele recebeu US$ 4,5 milhões, não foi da organização da minha campanha, porque ele diz que recebeu isso em 2013. A campanha começa em 2010 e, até o fim do ano, antes da diplomação, ela é encerrada. Tudo que ficou pendente sobre pagamentos da campanha passa a ser responsabilidade do partido. Minha campanha não tem a menor responsabilidade sobre em que condições pagou-se dívida remanescente da campanha de 2010. Não é a mim que você tem de perguntar isso. Ele [João Santana] tratou essa questão com a tesouraria o PT”, afirmou Dilma.