Apenas um dia após tucanos e petistas selarem uma trégua para homenagear os 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, uma ala do PSDB ontem partiu para o ataque contra o governo da presidente Dilma Rousseff. E recebeu o troco.
Num documento escrito pelo ex-governador paulista José Serra para o Conselho Político do PSDB, ele afirma que "a incompetência e o autoritarismo são as marcas" do governo de Dilma . Por isso, diz, "o PSDB não renunciará à denúncia desses atos e buscará mobilizar a sociedade brasileira" para superar o que qualifica de "período difícil". Serra pretende ser o candidato tucano à sucessão presidencial em 2014.
De acordo com o documento de Serra, os governos do PT deixaram para o país uma "herança maldita" centrada na "carga tributária mais alta do mundo em desenvolvimento, na maior taxa de juros reais do planeta e na taxa de câmbio megavalorizada". Tudo isso, segundo o ex-governador, somado a uma das menores taxas de investimentos governamentais em todo o mundo.
O documento ainda ataca o governo de Dilma pela lentidão nas obras da Copa de 2014, pela ineficiência do combate ao crack, pelos gargalos na infraestrutura e por transformar o programa de combate à miséria em uma mera peça publicitária.
O Conselho Político do PSDB é presidido por José Serra e tem ainda como integrantes Fernando Henrique, o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), o senador Aécio Neves (MG), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o governador de Goiás, Marconi Perillo.
Como não houve uma decisão sobre o documento, a direção do PSDB preferiu atribuí-lo apenas Serra e não ao partido. Mas foi o suficiente para o PT abandonar o tom de civilidade que havia adotado durante a homenagem suprapartidária ao ex-presidente, realizada na quinta-feira.
O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), e o líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP) reagiram ao documento do PSDB afirmando que os tucanos estão "fora da realidade" e "distantes do povo brasileiro".
"A análise de conjuntura do PSDB demonstra a distância que o partido tem do povo brasileiro. Para eles [tucanos], o Brasil está mal. Essa é uma direção oposta à das ruas. O povo brasileiro aplaude o governo da presidente Dilma Rousseff, porque está enfrentando os problemas do país", disse Teixeira.
Vaccarezza afirmou que os tucanos mostram "desespero" quando falam de crise energética e de infraestrutura. "Em 2002 [no governo FHC], o Brasil viveu a maior crise na área de energia. As pessoas eram proibidas de tomar dois banhos por dia e as casas tinham de ficar com as luzes apagadas à noite."
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