Novo ninho
Sem espaço no PSDB, tucano pode trocar de partido para a disputa
O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) é apontado como favorito ao posto de presidente entre os paranaenses na pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas e encomendada pela Gazeta do Povo. Porém, como tem perdido espaço para o senador Aécio Neves (MG) na corrida pela indicação no partido, Serra abriu o diálogo com outras legendas para tentar viabilizar sua candidatura em 2014.
Na última visita que fez ao Paraná, na semana passada, Serra preferiu desconversar sobre a possibilidade de entrar no PPS para disputar a presidência, mas o deputado federal Rubens Bueno, presidente do partido no estado e líder da bancada na Câmara, não descarta a mudança de legenda. "Almocei com ele na última semana e tratamos do assunto. Ele está tentado articular com o PPS e outros partidos para ter condições de disputar a eleição", conta.
A cientista política Luciana Veiga, da UFPR, no entanto, acredita que o cenário eleitoral poderá não ser o mesmo caso Serra mude de partido. "Se ele for para uma legenda sem estrutura, capilaridade nos estados e tempo de televisão, vai enfrentar muitas dificuldades já no início da disputa".
Bueno aponta que, mesmo que Serra não seja candidato, a estratégia da oposição deve ser a de lançar vários adversários de Dilma Rousseff (PT). "Queremos levar a eleição para o segundo turno e somar forças posteriormente".
Aprovação do governo Dilma cai mais de 30 pontos no PR
Outro dado levantado na sondagem do Instituto Paraná Pesquisas foi o índice de aprovação do governo Dilma Rousseff (PT) no Paraná. Em dezembro do ano passado, 72% dos entrevistados aprovavam a administração petista e 25% desaprovavam. Outros 3% não sabiam responder ao questionamento ou preferiram não opinar.
Já no levantamento mais recente, o índice de aprovação do governo petista ficou em 41%. Outros 56% disseram desaprovar a atuação da presidente e 3% não souberam ou não opinaram. A cientista política Luciana Veiga, da UFPR, lembra que Dilma já estava sofrendo quedas de popularidade desde o começo do ano. "Esse índice vem caindo com as dúvidas sobre a economia brasileira desde a virada do ano", afirma.
Queda
Para Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, os protestos que tomaram as ruas do país no mês de junho também se refletiram na queda de aprovação da petista. "Ela estava muito bem até a onda de protestos, quando a população apresentou diversos questionamentos sobre a sua atuação. É um baque considerável para ela. Mesmo assim, eleitoralmente, ela sempre aparece entre os primeiros lugares", diz.
Se dependesse da opinião dos eleitores do Paraná hoje, a eleição para presidente da República em 2014 estaria indefinida e Dilma Rousseff (PT) não venceria no primeiro turno. A petista também correria o risco de ficar em segundo lugar na disputa no estado caso o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) fosse seu adversário (veja no quadro ao lado). Os dados são de uma pesquisa de intenção de votos feitas pelo Instituto Paraná Pesquisas, com eleitores de todo o Paraná, entre os dias 10 e 14 deste mês. A sondagem foi encomendada pela Gazeta do Povo.
INFOGRÁFICO: Confira os números da disputa presidencial
O instituto montou três possíveis cenários de eleição presidencial no estado e, em todos eles, a disputa é acirrada. Dilma varia entre 25% a 30% das intenções de voto e ocupa posições diferentes dependendo dos candidatos da oposição. Além de Serra, aparecem com boas chances na eleição a ex-senadora Marina Silva (sem partido) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) tem no máximo 7% das intenções de voto em todos os cenários.
Para a cientista política Luciana Veiga, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o que mais chama a atenção na sondagem é a diferença de cenário quando o candidato tucano é José Serra. "Nas pesquisas nacionais, Serra realmente tem um desempenho melhor do que Aécio. Mesmo assim, ele não é capaz de virar o jogo com Dilma. Porém, no Paraná, ele consegue abalar a disputa", diz. Apesar de ser da mesma legenda do senador Aécio Neves, pré-candidato pelo PSDB, Serra tem sido sondado por outros partidos para ser candidato à Presidência.
Luciana avalia que os recentes escândalos envolvendo o governo tucano em São Paulo não atingem a imagem do partido no Paraná. Para ela, o desconhecimento dos eleitores do estado sobre o trabalho de Aécio ou uma possível rejeição ao seu nome podem explicar o baixo índice do mineiro em comparação a Serra, que foi o primeiro colocado na disputa presidencial no Paraná em 2010.
Queda
Para o diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, também chama a atenção a queda no índice da presidente Dilma em comparação a uma sondagem feita pelo instituto no final do ano passado. Na disputa com Marina, Aécio e Campos, em dezembro, Dilma tinha 50% dos votos no Paraná. Agora, a petista aparece com 30%, empatada com Marina Silva, que subiu mais de dez pontos em relação à última sondagem. "Foi a candidata que mais tirou proveito da queda da Dilma", aponta.
"Marina foi a candidata que mais se beneficiou com os movimentos das ruas [em junho], pois traz como marcas valores anticorrupção e pós-materialistas", acredita Luciana. O diretor do Paraná Pesquisas também atribui aos protestos de junho a subida de Marina e a queda de Dilma. "Mesmo assim, os outros candidatos também não empolgam. Como já estamos em outro momento, a presidente deve subir nas próximas pesquisas".
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