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A presidenta Dilma Rousseff no velório do senador e ex-presidente Itamar Franco no Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro | Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
A presidenta Dilma Rousseff no velório do senador e ex-presidente Itamar Franco no Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
  • Coberto com as bandeiras do Brasil e de Minas Gerais, o caixão foi transportado em carro aberto pelo Corpo de Bombeiros

A presidente da República, Dilma Rousseff, chegou por volta de 13h45 desta segunda-feira (4) ao velório do senador e ex-presidente da República Itamar Franco no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, capital mineira. Dilma ficou cerca de 40 minutos no velório e deixou o local às 14h25.

Dilma estava acompanhada dos ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Helena Chagas (Comunicação Social), Antonio Patriota (Relações Exteriores). O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, que já estava em Minas Gerais, se uniu à comitiva presidencial.

Confira detalhes da trajetória de Itamar Franco

» A morte

» A doença

» Biografia

» Administração

» Veja as imagens da trajetória de Itamar

» Saiba como foi a vida do ex-presidente

A visitação, que começou por volta de 12h30, foi interrompida por conta da chegada da presidente, mas foi retomada por mais alguns minutos após a saída de Dilma e acabou encerrada definitivamente às 14h45.

O velório de Itamar acontece no Palácio da Liberdade, área central da capital mineira. O caixão chegou ao local em carro aberto do Corpo de Bombeiros por volta de 11h40 desta segunda. O público presente jogou pétalas brancas sobre o caixão. O ex-presidente foi recebido ao som de "Oh, Minas Gerais. Quem te conhece, não esquece jamais".

Itamar Franco morreu neste sábado (2), aos 81 anos. Nota divulgada pelo Hospital Albert Einstein informou que o ex-presidente sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) na UTI, onde estava sendo tratado de uma pneumonia decorrente de uma leucemia aguda, e morreu às 10h15 de sábado.

Após o velório, o corpo de Itamar Franco seguirá para o crematório de Contagem, na Região Metropolitana da capital no final da tarde, onde será cremado, atendendo a um desejo do ex-presidente, de acordo com sua assessoria.Velório em BH

Entre os políticos presentes no velório estão o governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB); o senador e ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB); o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB); o atual governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB); o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB); o senador Eduardo Suplicy (PT-SP); o ex-deputado Ciro Gomes (PSB-CE); e o prefeito de Belo Hozironte, Márcio Lacerda (PSB).

Fernando Henrique afirmou que Itamar "não se deixou fascinar pelo poder". "Minhas primeiras palavras são de saudade. Foi um choque que eu tive ao saber da morte dele. Ele sempre foi um homem simples no modo de viver, falar e relacionar. Ele não se deixou fascinar pelo poder. A ética dele vai fazer falta. Eu devo ao Itamar porque foi ele quem abriu espaço ao obscuro político, que era sociólogo, que não era economista. Eu choro de saudade dele e o Brasil também chora", disse FHC.Velório em Juiz de Fora

Durante todo o domingo e no início da manhã desta segunda, o corpo de Itamar Franco foi velado na Câmara Municipal de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais. As filhas dele, Georgiana e Fabiana, acompanharam o seu velório. Cerca de 41 mil pessoas passaram pelo velório em Juiz de Fora, de acordo com a Polícia Militar.

Compareceram ao velório de Itamar em Juiz de Fora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Senado, José Sarney, o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello, o vice-presidente, Michel Temer, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, além dos senadores Pedro Simon, Lindeberg Farias, Romero Jucá, Agripino Maia e Renan Calheiros, entre outros políticos. Lula foi aplaudido e Collor, vaiado.

A morte

O senador Itamar Franco (PPS), presidente da República de 1992 a 1994, morreu na manhã de sábado, aos 81 anos, em São Paulo, vítima de leucemia. Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein desde o dia 21 de maio e permanecia licenciado de suas atividades no Senado. Nos últimos dias, o senador apresentou um quadro de pneumonia grave e foi transferido para a UTI.

O Hospital Albert Einstein divulgou nota, por volta das 12h de sábado, informando que Itamar sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) durante a madrugada e morreu às 10h15. Ele estava internando na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, em decorrência de uma pneumonia, contraída durante tratamento contra leucemia.

O estado de saúde de Itamar piorou nesta sexta-feira (1º) quando ele passou a respirar com a ajuda de aparelhos. O senador passou o aniversário de 81 anos, completados em 28 de junho, na UTI do hospital.

Itamar morreu um dia depois do aniversário daquela que é apontada como sua grande obra para o País, a criação do real, moeda que entrou em vigor no dia 1º de julho de 1994.

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A doença

A leucemia é um tipo de câncer que atinge os glóbulos brancos, parte do sistema de defesa do organismo, na medula óssea. A doença impede ou prejudica a formação de glóbulos vermelhos e brancos e de plaquetas, causando anemia e abrindo espaço para infecções e hemorragias.

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Biografia

Baiano no registro civil, Itamar se tornou um dos mais destacados e comentados políticos mineiros das últimas décadas. Para o País, surgiu na eleição presidencial de 1989, como candidato a vice de Fernando Collor de Mello. Terminou por assumir a Presidência da República após o impeachment do ex-governador alagoano. Mesmo entre os mais críticos, Itamar costumava ser reconhecido pela retidão ética. Igual reconhecimento ele sempre cobrou em relação ao legado da estabilidade do País: econômica, com o lançamento do Plano Real durante seu governo; e política, com a transição após o desastroso desfecho da gestão Collor.

Itamar nasceu em 28 junho de 1930 a bordo de um navio de cabotagem, no mar entre o Rio de Janeiro e Salvador. A mãe, dona Itália Cautier, havia ficado viúva de Augusto César Stiebler Franco pouco antes do nascimento do filho e o registrou na capital baiana, onde morava um tio. Mas Itamar cresceu e tomou gosto pela política em Juiz de Fora (MG), origem de sua família.

Engenheiro civil, formou-se em 1955 e naquele mesmo ano estreou na política se filiando ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em vão, tentou se eleger vereador em 1958 e vice-prefeito, em 1962. Alcançou o primeiro cargo público - a prefeitura da cidade - cinco anos depois, já filiado ao antigo MDB após o golpe militar de 1964 e o estabelecimento do bipartidarismo. Ficou no Executivo municipal até 1971. No ano seguinte, conquistou um novo mandado na prefeitura, mas em 1974 renunciou e foi eleito senador por Minas Gerais.

Já no PMDB, após o restabelecimento do pluripartidarismo, Itamar foi reeleito para mais um mandato de senador em 1982, na chapa que levou Tancredo Neves ao governo de Minas. Em 1986, deixou o PMDB e filiou-se ao PL para disputar o governo de Minas. Acabou derrotado justamente pelo peemedebista Newton Cardoso, que havia lhe fechado as portas no antigo partido.

Itamar voltou ao Senado, participou dos trabalhos da Assembleia Constituinte, mas antes de encerrar o mandato aceitou o convite do então jovem governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, para compor como vice a chapa vitoriosa na campanha presidencial de 1989. O senador por Minas deixou então o PL para ingressar no obscuro Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Mas rusgas com Collor começaram ainda na campanha. Tanto que o presidenciável teria solicitado uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para saber se poderia trocar seu candidato a vice.

Com o impeachment de Collor, Itamar assumiu formalmente a Presidência em dezembro de 1992. Já havia se desligado do PRN e procurava cada vez mais acentuar as diferenças com o ex-presidente, acossado por uma sucessão de denúncias de corrupção. No cargo, Itamar propôs uma política de entendimento nacional, mas sua gestão derrapava na escolha do primeiro escalão, para onde tinha levado antigos companheiros de Juiz de Fora. Por isso, seu governo passou a ser conhecido como a "república do pão de queijo".

Para cientistas políticos, o momento crucial do governo Itamar, porém, se dá mesmo com a chegada de Fernando Henrique Cardoso ao Ministério da Fazenda, quando começa a implantação do Plano Real que resulta na estabilidade econômica do País. "Itamar foi um personagem errático, seu acerto foi chamar o Fernando Henrique Cardoso", avalia o professor de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Carlos Ranulfo. á para Rubem Barboza Filho, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Itamar demonstrou nesse episódio "enorme cálculo político". "Uma aposta que só um político audacioso poderia fazer", observou.

O sucesso do plano econômico impulsionaria a eleição de FHC naquele ano e Itamar ganhou como prêmio as embaixadas brasileiras em Portugal e na Organização dos Estados Americanos (OEA). Mas seu sonho era voltar ao Palácio do Planalto. Ele se sentiu traído quando o Congresso aprovou a reeleição e rompeu relações políticas com seu ex-ministro em 1998. Itamar acusou Fernando Henrique de interferir na convenção extraordinária do PMDB, que lhe tirou a chance de disputar a Presidência naquele ano.

Depois de passar pelo governo de Minas Gerais, Itamar continuou ativo na política nacional e, filiado ao PPS, ele foi eleito senador no ano passado, numa campanha que contou com forte presença de Aécio Neves.

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Administração

Itamar foi o vigésimo quarto presidente brasileiro e fez uma administração peculiar. Saiu da Presidência com altos índices de aprovação e elegendo o sucessor (Fernando Henrique), o que não acontecia desde o governo de Arthur Bernardes, que governou entre 1922 e 1926. Além de abrir caminho para a estabilização política e econômica, Itamar cumpriu uma exigência da Constituição Federal de 1988 e realizou um plebiscito para a população escolher o sistema político brasileiro. O regime de República presidencialista foi confirmado na época pela maioria dos votantes. A administração de Itamar foi relativamente curta: dois anos, três meses e 29 dias. Porém, neste período o governo dele conseguiu fazer a transição de um país recém-saído de uma ditadura militar de 21 anos e que viu o primeiro presidente eleito democraticamente renunciar acusado de corrupção para um país estável politicamente e entusiasmado com o controle da inflação.

Isso não livrou o presidente de enfrentar "turbulências" ao longo da administração. A mais pitoresca delas é conhecida como "crise da calcinha". No carnaval de 1994, Itamar Franco foi fotografado ao lado da modelo Lilian Ramos em um camarote durante os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. A moça não usava sutiã nem calcinha. A foto deixava à mostra o órgão sexual feminino e a história virou escândalo. Autoridades religiosas chegaram a pedir a renúncia de Itamar. Como o longo topete usado por Itamar, a história virou piada.

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