Temer deixa a reunião com Dilma: novo governo será “quase uma sequência” do atual| Foto: STR / Reuters

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Ministérios ainda não têm nomes

Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva disseram ontem que o próximo governo será de "continuidade de políticas", não necessariamente de pessoas. Dilma não quis antecipar nomes, nem uma data para a apresentação dos escolhidos.

"Não estou falando de continuidade, em nenhum ministério, do ponto de vista das pessoas. Estou falando do ponto de vista da continuidade das políticas. Eu não considero que está maduro o processo de discussão dos nomes que integrarão os ministérios e o primeiro escalão da alta administração federal", afirmou Dilma. "Vou exigir competência técnica, desempenho, um histórico de pessoas que não tenham problemas de nenhuma ordem. Faço absoluta questão que os ministros tenham vínculos muito fortes com o Brasil e com a política que eu defendo."

Recorrendo a uma metáfora futebolística, Lula disse que torcerá pelo governo "sem corneta" – na gíria do futebol, "corneta" é alguém que dá palpites. "Eu não vou participar da transição", garantiu Lula. "Se o time não estiver coeso, não tiver muita harmonia entre os jogadores, não dá certo. A bola está com a senhora, dona Dilma. Monte seu time que eu estarei na arquibancada, de camisa uniformizada, sem corneta."

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A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) negou ontem, durante a entrevista coletiva no Palácio do Planalto, que venha sofrendo alguma pressão do PMDB para destinar cargos ao partido. Pela manhã, porém, Dilma esteve reunida com o presidente da Câmara dos Deputados e vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB). Ao deixar a reunião, na casa da petista, no Lago Sul, em Brasília, Temer afastou as insinuações de que teriam começado as divisões de cargos e ministérios no próximo governo. Segundo ele, o encontro foi apenas uma conversa entre a presidente eleita e seu vice.Na coletiva, Dilma disse que os nomes serão escolhidos com a ideia de formar "uma equipe una". "Eu tenho conversado muito com o vice-presidente Michel Temer e nós temos formado uma grande convicção. Esse é um governo que vai se pautar, não por uma partilha, mas por um processo de construção de uma equipe una", afirmou. "Nunca o PMDB chegou para mim propondo e pedindo cargo. Até agora estão participando do processo de transição, como participaram de todo processo eleitoral: sem conflito. Acho que a liderança do meu vice será muito importante."

Acomodação

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O PMDB é o maior partido de sustentação da base de Dilma e o interesse de seus líderes seria manter os seis ministérios que ocupa no governo Lula. Temer negou que esse assunto tenha sido discutido na reunião de cerca de uma hora com Dilma e procurou não carimbar no partido a imagem de fisiológico, ao dizer que a legenda "não está atrás dos cargos". "Toda vez que se toca nesse assunto a impressão que se tem é que o PMDB está atrás dos cargos, e não é isso. Eu falo aqui mais como vice-presidente, membro do governo, do que como presidente do PMDB", afirmou.

Para Temer, a acomodação dos aliados no próximo governo será "quase que sequência" da composição do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o peemedebista, os nomes e os cargos não foram discutidos, mas todos os aliados terão participação. "Fizemos uma avaliação do que será o próximo governo. Todos terão participação como têm hoje. Será quase que uma sequência do governo. Vamos trabalhar nessa direção. Agora, sem nome, sem definição de ministro por enquanto", disse. Temer negou ainda qualquer atrito entre PT e PMDB. "[O PMDB] nunca perdeu essa pacificação, mas agora está mais pacificado ainda.

O vice-presidente eleito confirmou que o governo de transição será instalado na segunda-feira, às 11 horas, e deverá funcionar no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília. Ele acrescentou que ficará em contato permanente com Dilma nos dias em que ela estiver fora para descansar da campanha.