A presidente Dilma Rousseff (PT) voltou nesta terça-feira (10) a passar por constrangimento público. Foi vaiada por cerca de 200 pessoas enquanto visitava a abertura do 21.º Salão da Construção, em São Paulo.
Os gritos de “Fora” não vieram de visitantes, mas de expositores, modelos e vendedores que trabalhavam nas centenas de estandes da feira. Dilma visitou o espaço minutos antes de a feira ser aberta ao público.
A reportagem conversou com 12 pessoas que participaram do manifesto. A maioria era eleitor do senador Aécio Neves (PSDB-MG), jovens na faixa dos 25 a 40 anos, com grau de escolaridade variando entre diplomados de ensino fundamental ao terceiro grau, e moradores tanto de bairros de classe média da capital paulista como de classe baixa. Todos eles pediram para não ser identificados.
Quem vaiou foram aqueles que trabalham com vendas na construção civil, os que estão vendo a diminuição das vendas e as coisas cada vez mais difíceis.
“Quem vaiou foram aqueles que trabalham com vendas na construção civil, os que estão vendo a diminuição das vendas e as coisas cada vez mais difíceis”, resumiu um expositor.
Segundo ele, as vaias começaram de forma espontânea e foram tomando corpo a ponto de serem ouvidas por quem estava do lado de fora do pavilhão do Anhembi, onde ocorre a feira. Dilma circulou a uma distância de cerca de 100 metros dos manifestantes, protegida por grades instaladas pela equipe de segurança.
Do grupo de “aecistas”, a exceção foi um vendedor de materiais de construção arrependido de ter votado na petista. Estudante de Economia de uma universidade particular, ele reclamou da dificuldade de conseguir o Financiamento Estudantil (Fies) este ano.
Apesar de todos assumirem ter gritado “Fora!”, apenas dois deles disseram ser a favor do impeachment. Nenhum participou de protestos de rua contra a presidente ou do panelaço que ocorreu na noite do domingo em algumas cidades do país
“Moro muito longe e esses protestos a gente sabe como começa, mas não sabe como termina”, disse um expositor. Ele conta que não fez, mas ouviu “baixinho” o barulho do panelaço durante o pronunciamento da presidente em rede nacional de rádio e TV, no domingo.
Os manifestantes não autorizaram a divulgação de seus nomes por medo a represálias no trabalho, sustentam. “Meu medo é repreendido pela chefia”, disse uma vendedora e estudante de Direito de 24 anos. Segundo ela, até o momento que conversou com a reportagem, ninguém havia reclamado de sua participação no protesto.
Momento difícil
Dilma disse que reconhecia o momento difícil pelo qual passa a economia brasileira e os impactos sobre o setor. “Tenho trabalhado para superarmos a desaceleração pela qual passa a construção civil.”
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