Depois de causar desconforto entre aliados ao defender uma parceria com o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, jogou água fria da crise e disse nesta sexta-feira (9) que o eleitor tem o direito de formar a chapa que bem entender. "Ninguém pode ser autoritário com o eleitor", afirmou ela, após se reunir com o presidente do Chile, Sebastian Piñera, na embaixada chilena. "Eu respeito o que o eleitor fizer e, sendo assim, você não pode dizer como ele deve votar."
A polêmica sobre a dobradinha híbrida entre o PT e o PSDB em Minas ocorreu depois que Dilma elogiou o ex-governador tucano Aécio Neves, depositou flores no túmulo de Tancredo Neves e, em entrevista à rádio Itatiaia, na quarta-feira, afirmou entender a formação da chapa "Dilmasia" ou "Anastadilma". Hoje, porém, a petista procurou afagar o aliado PMDB que briga com o PT para emplacar o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa na disputa ao governo do Estado.
O PT tem dois pré-candidatos ao mesmo cargo: o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ex-ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. "Em Minas, eu não só espero como desejo e até apelo para o entendimento", insistiu Dilma. Na tentativa de acertar o palanque para a petista em Minas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que o PT deve ceder a cabeça da chapa para Hélio Costa.
Dilma telefonou para Costa na quarta-feira e afirmou ter sido mal interpretada em suas declarações. "Achei estranhíssima aquela história", contou. "O Hélio entendeu e até brincou comigo dizendo que qualquer dia iriam perguntar para ele sobre o 'Serrélio'", emendou, numa referência à união entre o ex-governador paulista José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência, e Hélio Costa.
Ciro
Prestes a visitar Juazeiro do Norte e Fortaleza (CE), na semana que vem, Dilma fez vários elogios ao deputado e ex-ministro Ciro Gomes (PSB), que quer concorrer à Presidência, mas ainda aguarda uma conversa com Lula para definir seu destino político. O presidente avalia que a eleição deve ser plebiscitária entre Dilma e Serra e gostaria que Ciro desistisse da empreitada. "Ciro é uma pessoa solidária, firme, generosa. Como é muito inteligente, sempre dá o melhor dele."
Lembrada de que o deputado - ex-ministro da Integração Nacional - sempre diz que a candidatura dele vai ajudá-la a passar para o segundo turno na disputa contra Serra, a ex-ministra não entrou no embate. "É a visão dele. Quem sou eu para falar que não?" Diplomática, a ex-ministra da Casa Civil afirmou que não pedirá a Ciro para apoiá-la. "Com Ciro não preciso fazer apelo. Ele é uma pessoa que tem suas convicções e eu as respeito."
Ato no ABC
Sem o tom beligerante adotado nos últimos dias contra o PSDB, a pré-candidata do PT disse que o encontro do qual participará amanhã, ao lado de Lula - engrossado por seis centrais sindicais em São Bernardo do Campo, no ABC paulista - não foi programado para criar fato político. "Fazer contraponto a Serra? Não, nem tenho essa pretensão", desconversou Dilma. Depois, ela caprichou no sotaque mineiro: "Uai, gente, é absolutamente legítimo que a base do PSDB lance um candidato."
O encontro de São Bernardo do Campo - berço do PT - será puxado pelo mote do "Emprego e Qualificação Profissional". Na prática, foi planejado sob medida para fazer um "contraponto social" à convenção tucana, que lançará a pré-candidatura de Serra à Presidência da República.
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