Após o depoimento do ministro do Esporte, Orlando Silva, na Câmara dos Deputados, a presidente Dilma Rousseff avaliou que os esclarecimentos oferecidos aos deputados foram adequados, porém ainda não suficientes para afastar a pressão política pela sua saída, nem mesmo para eliminar de vez as suspeitas que recaem sobre o subordinado. A presidente, de acordo com auxiliares que a acompanham em viagem de quatro dias à África, espera com atenção o resultado da audiência marcada para esta quarta-feira no Senado, onde o próprio governo acredita que Orlando Silva enfrentará um debate mais duro com a oposição.
Na Câmara, o ministro rebateu acusações de que coordenaria um esquema de desvio de recursos na pasta e disse que colocou à disposição de autoridades seus sigilos fiscal, bancário, telefônico e postal. O Planalto avalia que não há dúvidas sobre o bom desempenho de Orlando Silva no primeiro teste no Congresso, depois que o policial militar João Dias Ferreira o acusou de operar um esquema de desvio de recursos do Esporte. Para a presidente, porém, também pesa a análise do noticiário e da fundamentação de novas denúncias, que aparecem a cada dia. Nesta quarta-feira, o GLOBO publicou entrevista com o acusador, em que Ferreira aponta a existência de uma suposta central de propina no ministério.
Além de novas denúncias, Dilma Rousseff acompanha atentamente a evolução das apurações levadas a cabo pela Controladoria Geral da União (CGU), encarregada de analisar detalhadamente as fraudes nos convênios entre o Esporte e organizações não-governamentais (ONGs), no programa Segundo Tempo. A CGU também mantém a presidente informada sobre a existência ou não de comprometimento do ministro em desvios já constatados.
Após a publicação da entrevista de Ferreira, no último final de semana pela revista "Veja", Orlando Silva pediu à Procuradoria Geral da República e à Polícia Federal que apurassem as acusações, atitude considerada positiva pela presidente. O próprio ministro admitiu que são denúncias gravíssimas. A única vez que a presidente se pronunciou sobre o caso foi na segunda-feira, quando disse que acompanha atentamente a evolução dos acontecimentos e criticou convênios firmados com ONgs classificadas como frágeis.
Dilma Rousseff chegou no final da tarde desta terça-feira a Maputo, capital de Moçambique, onde se encontra com empresários brasileiros do setor de mineração e da construção civil e, mais tarde, tem reunião com o presidente Armando Guebuza. A visita ocorre em um dia simbólico e de feriado nacional, em memória aos 25 anos da morte do herói da independência e primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel
Pela manhã, a presidente esteve no Monumento aos Heróis Moçambicanos, onde participou de oferenda floral a Samora Machel. Participaram, além de Dilma e Guebuza, três presidentes africanos. O anfitrião deu tratamento especial à presidente, que o acompanhou em um passeio por mais de dez minutos na praça central do Monumento, quando apresentou a ela cada uma das atrações folclóricas que participaram do evento.
Participam do encontro de empresários brasileiros, representantes da Vale, da Odebrecht, da Galvão e da Andrade Gutierrez. Os investimentos da Vale em Moçambique, onde explora uma jazida de carvão mineral em Moatize, devem alcançar US$ 4,5 bilhões, de acordo com o Ministério de Relações Exteriores.
Deixe sua opinião