Dilma e Requião: “juras de amor” do PT nacional para o governador| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

De passagem por Curitiba, a ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, praticamente garantiu ontem a aliança entre petistas e o PMDB no Paraná para as eleições de 2010. Segundo ela, o presidente Lula já declarou ao governador Roberto Requião a importância da participação do peemedebista em qualquer que seja o cenário futuro escolhido pelo PT no estado.

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Sentada ao lado de Requião, a ministra confirmou que também existem conversas com o PDT do senador Osmar Dias, pré-candidato ao governo do estado. Ao comentar as conversas entre os petistas e Osmar Dias, Dilma não negou que haja conversas com o PDT e destacou que o partido também faz parte da base aliada do governo federal. "A governabilidade é uma questão séria. A sustentação política do governo depende de alianças", disse.

Mas a declaração da ministra de que Requião é imprescindível para o PT no Paraná acabou soando como um banho de água fria em uma possível aliança com Osmar, pois o governador afirmou que não há a menor possibilidade de participar de uma aliança com o senador pedetista. Requião declarou que há sete anos vem lutando "contra essa gente". "Não tem conversação com o Osmar. Não há afinidade ideológica entre nós. Não sei nem se eles têm ideologia", disse o governador.

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Rasgando elogios a Requião, Dilma declarou que a continuidade dos projetos do governo Lula dependem da manutenção das atuais alianças que compõem a base aliada. "A aliança com o Requião não é apenas mais para sim. É a aliança que gostaríamos de fazer", disse. Questionada se o comportamento do governador tem dado muito trabalho ao PT, a ministra afirmou que "as melhores coisas dão mais trabalho". "Nós também da­­mos trabalho, e ele (Requião) reclama muito", revelou. "Mas ele representa o que há de melhor no Brasil em termos de gestão e compromisso com a transformação."

Desconversou

Como disse em várias entrevistas nas últimas semanas, a ministra negou que sua candidatura à Presidência já esteja definida e garantiu que "tudo ainda está em aberto". "Primeiro preciso ser candidata para depois falar em vice", desconversou, ao ser questionada se o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (que ontem se filiou ao PMDB), era um bom nome para vice-presidente. "Aprendi a não raciocinar por hipótese, porque a gente acaba cometendo coisas indevidas."

A ministra negou ainda que as sucessivas viagens que tem feito pelo país caracterizem que ela esteja em campanha. Para ela, as viagens são, na verdade, um direito de exercer sua militância e cidadania. "Qualquer integrante da administração pública tem direito a fazer isso, desde que não interfira na sua agenda de trabalho."

A ministra voltou ainda a criticar a recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) para que 41 obras federais – 13 delas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – sejam paralisadas por suspeitas de irregularidades. Para ela, o ideal seria que os três poderes padronizassem as regras do que pode ou não ser feito, a fim de evitar que a paralisação de obras cause prejuízos financeiros e de desenvolvimento ao país.

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"Não estou demonizando o TCU. Sempre defendemos que as fiscalizações sejam aprofundadas, para evitar que o dinheiro público seja indevidamente gasto", argumentou. "Mas é necessário entender que essa paralisação só deve ocorrer em última instância. Caso contrário, criamos um esqueleto." Dilma disse ainda que decisões como essa podem prejudicar, inclusive, as obras da Copa do Mundo de 2014. "Pode­­remos ter problemas seríssimos em cumprir datas e processos."

Tratamento de câncer

Dilma Rousseff esteve em Curitiba para conhecer um modelo de cateter produzido pelo Hospital Erasto Gaertner que poderá vir a ser adotado no Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, os cateteres usados pelo SUS são importados.

A ministra lembrou que teve de usar esse dispositivo em seu tratamento de câncer, encerrado recentemente. Visivelmente emocionada após conversar com uma criança que está se tratando de um câncer no Erasto Gaertner, Dilma disse que se sente forte e cheia de vida depois de se curar do linfoma que tinha nos gânglios linfáticos. "Repito que estou pronta para o que der e vier. E, por esse vier, podem considerar qualquer coisa."