Sob o argumento de que o Brasil não quer revanchismos, mas tem o direito de conhecer sua história, a presidente Dilma Rousseff instalará nesta quarta a Comissão da Verdade, no Palácio do Planalto, em cerimônia que contará com a presença de parentes dos desaparecidos políticos, dos três comandantes das Forças Armadas e de quatro ex-presidentes da República. O governo apoia a visão majoritária dos integrantes da Comissão, que defendem o foco das investigações em violações de direitos humanos praticadas por agentes do Estado na ditadura militar (1964-1985) mas não quer manifestar que tem lado nessa discussão.
"A verdade envolve tudo. A verdade deve ser buscada a qualquer preço", resumiu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, quando questionado se as investigações só valeriam para agentes de Estado. Os sete integrantes da Comissão da Verdade tomam posse nesta quarta e a maioria tem perfil de esquerda. "Vocês queriam que a presidente tivesse escolhido quem? O Bolsonaro?", perguntou um auxiliar de Dilma, numa referência ao deputado Bolsonaro (PP-RJ), militar da reserva considerado pelo Planalto como "radical de direita".
Ex-militante de organizações de extrema esquerda, Dilma não pretende interferir nos trabalhos da Comissão da Verdade nem enquadrar seus integrantes, que chegaram a emitir opiniões diferentes sobre a abrangência das investigações.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-secretário de Direitos Humanos Paulo Sérgio Pinheiro - um dos notáveis escolhidos por Dilma para compor a Comissão - disse que "o único lado (a ser investigado) é o das vítimas", que sofreram violações de direitos humanos. "Nenhuma Comissão da Verdade teve ou tem essa bobagem de dois lados", insistiu ele. Antes, o advogado José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso, batera na tecla da apuração ampla, geral e irrestrita "doa a quem doer".
Uma sala foi preparada no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, para abrigar a Comissão da Verdade. O assunto mais espinhoso a ser tratado diz respeito aos corpos dos desaparecidos políticos. No governo há o entendimento de que é preciso saber onde eles foram jogados ou enterrados, para que as famílias saibam o que realmente aconteceu.
Embora militares temam que a Comissão seja o primeiro passo para a revisão da Lei de Anistia, o governo garante que o receio é infundado. "A Lei de Anistia está em vigor e foi ratificada pelo Supremo Tribunal Federal. Não há o que discutir sobre isso" observou um interlocutor de Dilma. Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Collor e José Sarney confirmaram presença na solenidade desta quarta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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