Ela quer ser chamada de "presidenta" para destacar que a República vive agora nova temporada de ritos e costumes, sob comando feminino. Primeira mulher eleita presidente do Brasil, Dilma Rousseff é adepta da meditação transcendental, fã de óperas e mentaliza todos os dias, de manhã e à tarde, um punhado de metas a cumprir.

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A toada, no entanto, não é nada zen: fiel à fama de cobrar tudo pronto para "ontem", Dilma já planeja as primeiras reuniões no Palácio do Planalto. Convidará governadores para discutir um cardápio de assuntos que vão da reforma tributária ao financiamento da saúde, passando pela segurança pública.

"Eu não posso errar", diz a sucessora de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente que encerra oito anos de governo com mais de 80% de aprovação. "Mas me aguardem: vou tentar compensar o menor carisma com muito trabalho."

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Desde que foi eleita, com 55,7 milhões de votos, a herdeira de Lula adotou a discrição. Nem mesmo a montagem do ministério forneceu pistas suficientes sobre o seu estilo. Disciplinada, a ex-chefe da Casa Civil acatou indicações do presidente para o primeiro escalão, mesmo sabendo que terá de fazer mudanças mais à frente. Em tom de reverência, ela também não quis dividir os holofotes com o padrinho político, que se despedia do Planalto.

Nos bastidores, porém, o temperamento forte de Dilma veio à tona. Ela ficou furiosa quando o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), divulgou que Sérgio Côrtes seria ministro da Saúde. Não foi. "Eu não tenho intérprete. Sou eu que anuncio os meus ministros", esbravejou.

Outro episódio que a tirou do sério envolveu a troca de comando no Banco Central. A portas fechadas, Dilma explodiu quando soube que Henrique Meirelles, em conversa com jornalistas, condicionou sua permanência à manutenção da autonomia do banco.