A presidente Dilma Rousseff relacionou a suspeita de espionagem ao governo brasileiro feita pelo serviço secreto dos Estados Unidos com interesses comerciais ou econômicos dos norte-americanos. Em entrevista antes de deixar a Rússia, a presidente disse que, como o Brasil é uma democracia e não representa ameaça terrorista, a espionagem "não tinha nada a ver com segurança nacional, tinha a ver com fatores geopolíticos, fatores estratégicos ou comerciais e econômicos". Dilma disse que na noite de quinta-feira argumentou com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que a espionagem entre grandes democracias "é incompatível".
"Isso ocorrer no Brasil é um fato gravíssimo porque o Brasil é uma forte, sólida e grande democracia. O Brasil vive há mais de 140 anos em harmonia e de forma pacífica com seus vizinhos da região. O Brasil não tem conflitos étnicos, religiosos, não abriga grupos terroristas e tem em sua Constituição um artigo que veta o uso e a fabricação de armas nucleares. Portanto, todas essas características jogam por terra a justificativa de que todos os atos de espionagem sejam uma forma de proteção contra o terrorismo", disse Dilma.
Diante dos argumentos, a presidente disse na entrevista que o quadro "só nos permite uma conclusão". "Que essa espionagem, como não tinha nada a ver com segurança nacional, tinha a ver com fatores geopolíticos, com fatores estratégicos ou comerciais e econômicos. E isso é inadmissível principalmente porque se tratam de países com uma tradição de relacionamento histórica", disse, ao comentar que a relação dos dois países e as características do Brasil "jogam por terra qualquer alegação de segurança ou qualquer argumento ligado à proteção contra o terrorismo".
Para Dilma, a espionagem de autoridades brasileiras pelos norte-americanos "afeta interesses econômicos brasileiros, a soberania do Pais, direitos humanos e civis, o que é estarrecedor partindo de um país que tinha na sua fundação o valor da liberdade e dos direitos humanos".
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