A presidente Dilma Rousseff afirmou que a reunião ministerial iniciada na noite desta segunda-feira (23) vai discutir ações do governo em 2012, mas não tratará do corte no Orçamento da União de 2012, que pode chegar a R$ 70 bilhões. No discurso na solenidade de comemoração da bolsa de estudo 1 milhão do ProUni, a presidente escorregou nas palavras e justificou-se dizendo estar cansada da maratona de reuniões setoriais que vem fazendo desde quinta-feira da semana passada.
"Não estamos discutindo isso (cortes). Estamos discutindo o governo. A hora em que chegar para discutir qualquer questão relativa ao Orçamento, eu chamo vocês", afirmou a presidente, em uma rápida entrevista.
Na solenidade, quando falava que, desde a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo se comprometeu em garantir educação "da creche à pós-graduação", Dilma cometeu um deslize verbal e confessou que estava muito cansada por conta das reuniões setoriais que vem promovendo com seus ministros desde a última quinta-feira.
"É muito grave quando se opôs no Brasil um nível de ensino a outro. Era rebaixar por baixo. Rebaixar por baixo é dose, né, gente? Mas hoje eu estou cansada, vou dizer para vocês por quê. Eu venho de uma maratona. Eu comecei a fazer reunião na quinta, na sexta, no sábado, no domingo e hoje. E ainda vou continuar possivelmente na terça. São reuniões muita intensas, mas eu queria dizer que se trata de um processo que rebaixa as expectativas do Brasil. Se você opõe o ensino básico e o ensino universitário, além de ser uma incongruência se trata também de uma desvalorização do país", afirmou.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que o orçamento de sua pasta é pequeno e não sofreu emendas no Congresso. Ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo afirmou que não está participando do debate sobre cortes no Orçamento da União, mas disse que pode haver redução de gastos com viagens e custeio da máquina.
"Eu não faço a menor ideia. Quando estava no ministério do Planejamento, tinha todas as informações na cabeça. Sobre os R$ 70 bilhões, tenho lido nos jornais. Ninguém no governo falou em cortar R$ 70 bilhões. Quando eu era ministro, dizia que contingenciamento era como Carnaval: todo ano tem e em fevereiro. Acho que é normal isso", disse o ministro.
Para ele, é possível que, neste ano, a economia brasileira cresça 4,5%: "Acho que o aquecimento vai ser promovido. O governo fez quatro movimentos para diminuir juros. Os programas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) colocam a economia em trajetória crescente. Vamos começar com o ano menos aquecido, mas vamos melhorar. 4,5% é perfeitamente possível. Encerramos o ano com menos crescimento, o que deve ser refletir no primeiro trimestre, mas o governo tomou medidas, baixou juros, o Minha Casa, Minha Vida está andando. Vamos acelerar durante o ano e terminar melhor que começamos."
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