A presidente Dilma Rousseff determinou que a Casa Civil crie imediatamente uma comissão de sindicância para investigar as alterações feitas em perfis de jornalistas e políticos na Wikipédia, enciclopédia virtual cujos textos podem ser editados de forma anônima.
Em nota publicada neste sábado (9), a Casa Civil informa que, além dela, comporão também o grupo o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a Controladoria-Geral da União e a Secretaria-Geral da Presidência da República.
Nesta sexta-feira (8), a Secretaria-Geral da Presidência informou que irá investigar a autoria das mudanças feitas nos perfis dos jornalistas Míriam Leitão, colunista de "O Globo", e de Carlos Alberto Sardenberg, da CBN e Rede Globo, em maio do ano passado.
Reportagem de "O Globo" desta sexta mostra que o endereço de IP 200.181.15.10, da Presidência, realizou mudanças nos textos em maio de 2013 com o objetivo de criticá-los. Alterações em páginas de políticos também foram feitas no período.
O IP foi usado para associar Míriam Leitão ao banqueiro Daniel Dantas, afirmando que a colunista teria feito "a mais corajosa e apaixonada defesa" dele, e para desqualificar suas análises econômicas.
Já em relação a Carlos Alberto Sardenberg, a rede do governo incluiu comentários para atacar o jornalista pelo fato de ele ser irmão do diretor da Febraban (Federação Brasileira dos Brancos), Rubens Sardenberg. "A relação familiar denota um conflito de interesse em sua posição como colunista econômico", escreveram.
A decisão da Secretaria-Geral foi tomada horas depois de assessoria de imprensa da Presidência ter informado que identificação do responsável era "tecnicamente impossível". O procedimento tem prazo de 60 dias para ser concluído. O órgão é o responsável pela Diretoria de Tecnologia da Presidência da República.
No final de julho, a Folha de S.Paulo revelou que esse mesmo endereço de IP foi usado para incluir elogios na página sobre o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo paulista. A página do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), também foi alterada, com a retirada de informações.
Em resposta à reportagem da Folha de S.Paulo, na época, a Presidência disse não ser possível identificar o autor, uma vez que o IP identificado trata-se de um servidor proxy, ou seja, que atende a vários computadores ao mesmo tempo --posição reafirmada inicialmente ao "Globo". Entretanto, especialistas em telecomunicações consultados afirmam que seria possível identificar o autor caso os registros de conexão ainda estivessem guardados.
Até julho deste ano, tais informações eram armazenadas apenas durante seis meses por limitações técnicas, segundo a primeira nota emitida pelo Planalto --o Marco Civil da Internet, em vigor desde 23 de junho, determina que esses registros sejam conservados por um ano. Em julho, para se adequar à norma, a Presidência expandiu a capacidade técnica.
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