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Chance de cura é de 90%

Flávia Alves

Responsáveis por cerca de 4% de todos os tipos de câncer, os linfomas não-Hodgkin – como o de Dilma Rousseff – são causados pela proliferação desordenada das células dos linfonodos, que atuam na defesa do organismo. Estima-se que ele atinja 69 em 100 mil pessoas com mais de 65 anos. No caso de Dilma, foi encontrado, há um mês, um nódulo de aproximadamente 2,5 centímetros na axila esquerda. Segundo os médicos do Hospital Sírio Libanês, que cuidam do caso, a ministra fará quimioterapia por quatro meses e as chances de cura são de 90%.

De acordo com o hematologista e oncologista do Hospital Erasto Gaertner Johnny Camargo, o elevado grau de cura se deve, principalmente, ao fato de Dilma ter descoberto a doença ainda na fase inicial. "O tumor de Dilma era do tipo 1A, ou seja, na fase inicial", explica. "Partindo das informações prestadas pelos médicos, é provável que a ministra esteja em plenas condições de disputar a presidência em 2010, sem precisar se afastar para o tratamento, já que as drogas utilizadas atualmente têm bem menos efeitos colaterais do que há algum tempo."

Pré-candidata do PT à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, está tão otimista em relação ao sucesso do tratamento para combater o tumor detectado em seu sistema linfático que investe nos planos políticos e admite até mesmo a possibilidade de antecipar a saída do governo para se dedicar à campanha.

Em conversas reservadas com amigos, no fim de semana, Dilma disse que, se tudo correr bem como preveem os médicos, o ideal será reforçar a maratona eleitoral a partir de janeiro de 2010, mesmo porque agora ficará difícil acumular as atividades. Hoje, por exemplo, ela terá agenda cheia em Manaus, ao lado de Lula. Amanhã, também na capital do Amazonas, comandará mais uma reunião de balanço do PAC.

O afastamento antecipado da ministra, porém, não é consenso. Enquanto alguns avaliam que ela ficará sobrecarregada se tiver de "carregar" as funções de gerente do governo com a candidatura logo após passar por um tratamento delicado de saúde, com quimioterapia, outros acreditam que sua permanência na Casa Civil até o prazo-limite ainda é a melhor vitrine para a campanha. Pela lei, a ministra deve deixar o cargo até 3 de abril de 2010, seis meses antes do primeiro turno da eleição presidencial.

Nos bastidores, auxiliares de Lula avaliam que a divulgação da doença não só é importante para pôr fim às especulações como vai aproximar Dilma da população, "humanizando" a candidata. O deputado federal Ricardo Barros (PP) é um dos que acham que diante da indesejável descoberta do câncer, a ministra pode colher votos. "A notícia (do câncer) atrapalha um pouco em relação aos compromissos, mas ao mesmo tempo pode ajudar. A Dilma ainda é pouca conhecida do eleitorado e por conta dessa exposição mais pessoas vão ficar conhecendo ela", disse Barros. Apesar de concordar na questão da maior exposição da Dilma, o deputado federal do PT, André Vargas, diz que a doença atrapalha no momento em que ela tem de deixar seus compromissos como ministra e virtual candidata para fazer a quimioterapia. "As especulações sobre a gravidade da doença podem atrapalhar, mas não acredito que isso (a doença) possa interromper a campanha", afirmou o petista.

A divulgação do problema de saúde da ministra gerou insegurança entre os aliados do governo. Surpreendidos com a notícia, procuraram adotar o tom da cautela, mas mostraram-se certos de que, pelo menos neste momento, as costuras para o palanque de 2010 ficam em compasso de espera. "Tudo vai depender da evolução do quadro clínico da ministra. Estamos agora torcendo para que ela se recupere e que isso não influencie em nada (as negociações e a candidatura de Dilma para 2010)", resumiu o presidente da Câmara e uma das principais lideranças do PMDB, o deputado Michel Temer (SP).

O anúncio da doença abriu espaço para especulações sobre uma possível mudança de candidato do PT – o que Lula considerou "abominável". O presidente ficou ainda mais contrariado ao saber que a oposição vislumbra o PT ressuscitando a tese do terceiro mandato para ele, sob o argumento de que o partido não conta com outros nomes eleitoralmente fortes. Para o presidente, análises assim são "infundadas e desrespeitosas".

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