A presidente Dilma Rousseff saiu em defesa do ministro da Fazenda, J oaquim Levy, nesta quarta-feira (2), ao afirmar que ele não está “isolado” ou “desgastado” dentro do governo, buscando empurrar para longe as especulações de que ele poderia estar perdendo espaço na condução da política econômica. Mas, ao mesmo tempo, a presidente disse que dentro de uma família há divergências de opiniões e que, tomada uma posição após debates, essa posição tem de ser assumida por todos.
“O ministro Levy não está desgastado no governo, ele participou conosco de todas as etapas da construção desse orçamento”, afirmou ela em entrevista a jornalistas, referindo-se à proposta do Orçamento de 2016 encaminha ao Congresso, que prevê déficit primário equivalente a 0,34 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor público consolidado.
Mas emendou: “Dentro de uma família, só tem uma opinião? Não, dentro de uma família tem várias opiniões. O fato de haver opiniões de A, de B, de C, de D,... não significa que a família está desunida, significa que ela debate, discute”, afirmou a presidente, acrescentando que, a partir do momento em que se toma uma posição, “ela é de todos nós [governo]”.
Nos bastidores, a insatisfação do ministro Levy com a condução da política econômica não é nova e há relatos de que ele teria perdido diversas batalhas para seu colega Nelson Barbosa, ministro do Planejamento. A última nesta semana, com relação ao Orçamento de 2016, já que não queria dar sinais aos agentes econômicos de afrouxamento na condução das contas públicas.
Na véspera, publicamente, o ministro chegou ressaltar a necessidade de sinalizar firmeza no compromisso fiscal e voltou a defender que o governo busque a meta antiga de 0,7 por cento do PIB de superávit primário --economia para pagamento de juros da dívida pública-- em 2016.
CPMF
A presidente Dilma disse ainda que não gosta da CPMF, mas que não afasta a possibilidade de o governo precisar de novas fontes de Receita. Segundo ela, quando houver condições e maturação para que o governo mande ao Congresso novas sugestões nesse sentido, ela o fará.
“Eu não estou afastando nem acrescentando nada. Eu não gosto da CPMF, se você quer saber, acho que a CPMF tem as suas complicações, mas não estou afastando a necessidade de fontes de receita. Não estou afastando nenhuma fonte de receita, quero deixar isso claro para depois, se houver a necessidade de a gente enviar esta fonte nós enviaremos”, disse.
Risco de vaias
Apesar de avaliar que há chances de a presidente Dilma ser alvo de vaias e protestos durante o tradicional desfile de 7 de setembro, o entorno da presidente afirma que ela não fará nada diferente este ano e que vai se expor às manifestações da população. Um auxiliar de Dilma afirmou que não há grandes preocupações sobre possíveis manifestações hostis voltadas à presidente. A aposta é que a grande maioria dos participantes do evento será formada pelo público que tradicionalmente lota os gramados da Esplanada dos Ministérios: famílias interessadas em assistirem ao desfile e à apresentação da esquadrilha da fumaça.
Este ano, a exemplo do que vem ocorrendo desde a onda de protestos de junho de 2013, a população que for à Esplanada será revistada.
O evento vai custar R$ 830 mil, menos do que foi gasto com a mesma data nos últimos cinco anos. Diferentemente dos anos anteriores, a Secretaria de Comunicação da Presidência, responsável pela organização, não vai gastar nada com publicidade e divulgação. Não serão confeccionados convites nem cartazes e nem haverá propaganda nas mídias. No ano passado foram gastos R$ 1,6 milhão com o evento.
Em 2013, quando houve a onda de protestos contra corrupção, o governo desembolsou R$ 4,7 milhões com produção e publicidade do 7 de setembro. No total, o evento custou aos cofres públicos R$ 5,5 milhões; em 2012, R$ 1,7 milhão; em 2011, R$ 1,3 milhão e, em 2010, R$ 1,5 milhão.
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