A presidente Dilma Rousseff decidiu pedir que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, deixe o cargo, depois de supostas novas declarações polêmicas dele sobre colegas do governo. O pedido para que ele renuncie, ou sua demissão, pode ocorrer na noite desta quinta-feira, disse uma fonte do governo à Reuters, durante encontro que ambos devem ter em Brasília. O ministro estava no Amazonas para a criação de um plano de segurança de fronteiras em conjunto com a Colômbia, mas antecipou seu retorno a Brasília após ligação da presidente, segundo outra fonte do Executivo. Jobim teria dito em entrevista à revista Piauí, antecipada nesta quinta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo, que a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, "é fraquinha" e que Gleisi Hoffmann, titular da Casa Civil, "nem sequer conhece Brasília". As declarações causaram "irritação" no Planalto, conforme disse uma outra fonte à Reuters mais cedo. Na avaliação de ministros de Dilma, a saída de Jobim do governo já está definida, mas o martelo só será batido na reunião prevista para esta noite. À tarde, diante da repercussão da entrevista, Jobim negou as críticas a Ideli. "Em momento algum fiz referência a ela dessa natureza," disse ele, segundo nota do Ministério da Defesa. Segundo a nota, Jobim classificou as notícias veiculadas na imprensa como "parte de um jogo de intrigas" e uma tentativa de desestabilizá-lo. "Isso faz parte daquilo que passa pela cabeça de quem não conhece a necessidade de um país", afirmou. Entre os nomes ventilados para substituir Jobim aparece o do atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A mudança faria sentido especialmente por Cardozo já participar do plano nacional de fronteiras, dando continuidade ao projeto. As declarações divulgadas nesta quinta-feira foram as últimas de uma série de desconfortos públicos entre Jobim e o governo. Em junho, durante as comemorações de 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Jobim fez um discurso no qual elogiou FHC, disse que "hoje os idiotas perderam a modéstia" e que atualmente tinha que tolerá-los. Na semana passada, Jobim reconheceu em entrevista à Folha e ao portal UOL ter votado no tucano José Serra para a Presidência da República, no ano passado.

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