A pré-candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse hoje que seu provável adversário, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), precisa ser analisado no âmbito do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, Minas Gerais, ela ressaltou que a mais recente gestão tucana do plano federal foi o governo FHC, e lembrou que Serra ocupou as pastas do Planejamento e da Saúde.
"Eu não tenho vergonha do Lula, eu não escondo o presidente Lula", disse Dilma, ao ser questionada sobre a estratégia do PT de estabelecer uma comparação na disputa presidencial deste ano entre os governos Luiz Inácio Lula da Silva e FHC. Porém, ela disse que é preciso reconhecer "coisas boas que foram feitas no passado" e citou a Lei de Responsabilidade Fiscal do governo tucano.
No seu segundo dia de visita a Minas Gerais, Dilma considerou a relação do ex-governador do Estado Aécio Neves com o governo federal como exemplar.
Dilma acredita que é possível que ocorra novamente em Minas um fenômeno como o "Lulécio" - voto simultâneo em Lula para presidente e Aécio para governador, que marcou as eleições de 2006 no Estado - no caso, a predileção do eleitorado mineiro por ela no plano presidencial e pelo governador Antonio Anastasia (PSDB) na sucessão estadual. "Eu não posso dizer o que vai acontecer, mas é possível."
Palanque único
A ex-ministra voltou a pedir que em Minas PT e PMDB se entendam para a composição de um palanque único e contou que está otimista com essa possibilidade. Acompanhada dos pré-candidatos petistas ao governo mineiro Patrus Ananias e Fernando Pimentel, Dilma visitou pela manhã o Colégio Estadual Milton Campos, onde estudou e iniciou sua militância de combate ao regime militar.
Ela voltou a ressaltar suas origens mineiras, sem deixar de lado a experiência vivida no Rio Grande do Sul, onde fez sua carreira pública. "Muitas vezes eu já me peguei falando: Barbaridade, uai." Na entrevista, Dilma foi perguntada, mas respondeu que "infelizmente" não está namorando. No fim, ao responder sobre políticas do governo Lula para os aposentados ela brincou afirmando que está "celeremente indo para a terceira idade".
Rio
Sobre a tragédia causada pelas chuvas no Rio de Janeiro - que deixaram ao menos 103 mortos, de acordo com dados do governo do Estado -, Dilma a classificou como uma catástrofe de dimensões gigantescas, resultado de falta de investimentos em habitação nos últimos 25 anos no Brasil. A ex-ministra entrou em contato por telefone com o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB). "Acho que a gente tem de prestar imensa solidariedade ao Rio."
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