Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que o governo Temer não tem medo da oposição.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta quarta-feira (25) que a presidente afastada, Dilma Rousseff, só voltará a comandar o país se houver um “acidente de percurso” e negou que o novo governo, de Michel Temer, com apenas 13 dias, já enfrente uma crise política.

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Padilha defendeu o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que foi afastado do Ministério do Planejamento, ao sugerir, em conversa gravada, um pacto para frear a Operação Lava Jato, e observou que um governo com mais de dois terços de apoio “não pode ter medo” de oposição.

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“A menos que haja um acidente de percurso, fica muito difícil que se tenha retorno da presidente Dilma”, afirmou Padilha, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Advogado, o chefe da Casa Civil disse que, sob o ponto de vista legal, é “perfeitamente possível” a absolvição da presidente, mas observou que quem fez o movimento pela saída dela não foi o Congresso, mas, sim, as ruas.

Questionado sobre o fato de Dilma dizer que a conversa gravada entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado escancara o “caráter golpista do impeachment”, Padilha foi econômico no comentário.

“Tenho muita dificuldade em ver pessoas com boa formação falar em golpe quando o processo é regido pelo Supremo Tribunal Federal e foi aprovado, até o momento, por mais de dois terços do Congresso”, disse ele. No diálogo com Machado, ocorrido em março, semanas antes da votação do impeachment na Câmara, Jucá admitiu a necessidade de mudar o governo para “estancar essa sangria”, numa referência à Lava Jato.

À pergunta se o governo não temia que a Lava Jato acabasse contaminando a nova administração, o chefe da Casa Civil enfatizou, com um gesto de cabeça, a negativa: “O governo absolutamente não. Nós temos certeza de que o presidente Michel Temer passa ao largo dessa questão da Lava Jato”.

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Ao ser lembrado pelo jornal O Estado de S. Paulo de que há, no governo, seis ministros citados em investigações da Polícia Federal, o chefe da Casa Civil reagiu: “Muita calma nessa hora. A menção pura e simples (de nomes) pode não ter nenhum significado. A investigação pode chegar à conclusão de que é o caso de arquivamento.”

Padilha não quis comentar gravações feitas por Machado envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e foi lacônico quando lembrado de que a delação de Machado ameaça outros peemedebistas de peso. “Cada dia com sua agonia”, disse.

Planejamento

Embora o governo já esteja procurando um substituto para Jucá, que seja afinado com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, Padilha não quis antecipar nomes. Cauteloso, disse até mesmo que Jucá pode voltar ao comando do Planejamento, “na medida em que o Ministério Público Federal dê o atestado de que não houve nada censurável” na conversa mantida por ele com o ex-presidente da Transpetro.

Sem esconder a alegria com a vitória do novo governo em seu primeiro teste no Congresso, com a aprovação, na madrugada desta quarta-feira, da revisão da meta fiscal – que elevou a possibilidade de déficit no ano para R$ 170,5 bilhões –, o chefe da Casa Civil afirmou que o governo Temer dará uma “guinada político-administrativa” no País.

Medidas

Padilha assegurou que a nova gestão fará uma “auditoria” em todos os ministérios e repartições, mas disse que não haverá devassa. “A intenção do governo não é fazer caça às bruxas”, insistiu.

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O ministro também destacou a necessidade de reformar a Previdência para equilibrar as contas públicas. Ao ser indagado sobre as críticas ao pacote de medidas anunciado na terça-feira - que cria limite para elevação dos gastos públicos e restringe o crescimento para despesas com saúde e educação - disse que é preciso “fazer mais com menos”.

Diante da pergunta sobre a possível inconstitucionalidade da medida, Padilha fechou o semblante. “Não há nada inconstitucional. Zero. Eu sou advogado. Isso é discurso de oposição”, afirmou ele.

Aos 71 anos, conhecido por montar planilhas “certeiras” sobre votos dos parlamentares, Padilha acertou o placar da Câmara para o impeachment de Dilma. Agora, o ministro - que já foi titular da Aviação Civil no governo Dilma e ajudou Temer na articulação política, no ano passado - está certo de que a oposição ao presidente em exercício não vingará. E como ficam as alianças municipais entre o PT e o PMDB nas eleições deste ano?

“Acho que a votação no plenário, nesta madrugada dá a ideia da possibilidade de aliança. É óbvio que inviabiliza”, argumentou Padilha.

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