• Carregando...
Dilma, em foto tirada em setembro do ano passado | Roberto Stuckert Filho/Divulgação
Dilma, em foto tirada em setembro do ano passado| Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta sexta-feira (17), a ex-presidente Dilma Rousseff afirma que as perguntas formuladas pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deixam claro que o presidente Michel Temer (PMDB) tem ligação com desvios na Caixa Econômica Federal e no FGTS. Ainda sobre Temer, a petista afirma que considera “um erro” ter dado a ele a coordenação política do governo e ataca o peemedebista o chamando de “um cara extremamente frágil, fraco e medroso”.

Durante a entrevista, Dilma faz referência a uma lista com 41 perguntas direcionadas a Temer, protocolada pela defesa de Cunha na Justiça Federal do Paraná, em novembro do ano passado. Em uma das peguntas, Cunha indaga qual é a relação de Temer com José Yunes, ex-assessor especial da Presidência, e se Yunes recebeu alguma doação de campanha para o PMDB

“Quando li a primeira vez, já sabia quem era José Yunes. Mas lá está Eduardo Cunha dizendo que quem roubava na Caixa Econômica Federal, no FGTS, é o Temer. Leia, minha filha. Não tenho acesso às delações, mas sei o que é um roteiro. E lá está explícito roteiro da delação de Eduardo Cunha. Explícito. Alguém não sabe que o Cunha está dizendo que não foi o Yunes, mas o Temer?”, questiona Dilma.

Gleisi chama Dilma e Requião como testemunhas em ação penal no STF

Leia a matéria completa

Em fevereiro, José Yunes prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) no qual relatou que recebeu “um pacote”, em 2014, em seu escritório em São Paulo, entregue pelo operador Lucio Funaro, a pedido do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Yunes disse ter sido uma ‘mula involuntária’ de Padilha.

“Não deixei o gato angorá roubar”

Na entrevista, a ex-presidente também afirma que, durante o seu governo, não permitiu que Moreira Franco (atual ministro da Secretaria Geral da Presidência) roubasse na Secretaria Nacional de Aviação Civil.

“Saber demais não significa que você é capaz de impedir algumas coisas. Por exemplo, o gato angorá [Moreira Franco] tem uma bronca danada de mim porque eu não o deixei roubar, querida. É literal isso: eu não deixei o gato angorá roubar na Secretaria de Aviação Civil. Chamei o Temer e disse: ‘Ele não fica. Não fica!’. Porque algumas coisas são absurdas, outras não consegui impedir. Porque para isso eu tinha de ter um nível de ruptura mais aberto, e eu não tinha prova, não tinha certeza, entendeu? Não acho que é relevante fazer fofoca, conversinha. Posso contar mil coisas do Padilha e do Temer, então?”

Moreira Franco participou do governo Dilma entre 2011 e 2014. Foi responsável pela pasta de Assuntos Estratégicos de 2011 a 2013, com status de ministro, e comandou a Aviação Civil até o fim de 2014.

Sobre o presidente Michel Temer, Dilma considera que foi um erro ter dado a ele a coordenação política do governo. Ao ser indagada sobre um possível arrependimento, a ex-presidente diz que, na época, ‘não sabia que o nível de cumplicidade dele com o Eduardo Cunha era tão grande”. De acordo com a reportagem do Valor, Dilma avalia que Temer é fraco e medroso.

“Segunda lista de Janot” inclui Lula, Dilma e ao menos cinco ministros de Temer

Leia a matéria completa

“Porque o Temer é isso que está aí, querida. Não adianta toda a mídia falar que ele é habilidoso. Temer é um cara frágil. Extremamente frágil. Fraco. Medroso. Completamente medroso. (...) É um cara que não enfrenta nada!”.

A petista admite, ainda, que foi um erro ter concedido tantas desonerações tributárias às empresas.

“Vou te falar, acho que cometi um erro importante, o nível de desoneração de tributos das empresas brasileiras. Reduzimos a contribuição previdenciária, o IPI, além de uma quantidade significativa de impostos. Com isso, tivemos uma perda fiscal muito grande. Nossa expectativa era evitar que a crise nos atingisse de forma pronunciada. Por isso, aumentamos também o crédito, mas acho que aí não erramos. Erro foi a desoneração porque, ao invés de investir, eles aumentaram a margem de lucro às custas de mais fragilidade nas contas públicas”.

A ex-presidente também conta, na entrevista, como vive desde que perdeu o mandato. Dilma Rousseff mora em um apartamento em Porto Alegre, próximo da casa da filha e dois dois netos. Viaja uma vez por mês a Belo Horizonte, para visitar a mãe, e se sustenta com a aposentadoria de R$ 5.578 do INSS e aluguéis de imóveis.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]