Às vésperas da realização de uma série de manifestações pró-impeachment em diversas cidades brasileiras, marcadas para o próximo domingo, 15, a presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira, 9, que a sociedade brasileira está amadurecida e não vai aceitar “rupturas democráticas”. Dilma, no entanto, afirmou que os panelaços promovidos por brasileiros ontem à noite durante a exibição do seu pronunciamento em rede nacional de rádio e TV é fato “da regra democrática”.
“Eu acho que há de caracterizar razões para o impeachment, e não o terceiro turno das eleições. O que não é possível no Brasil é a gente também não aceitar a regra do jogo democrático. A eleição acabou, houve o primeiro e o segundo turno”, disse Dilma a jornalistas, depois de participar de solenidade no Palácio do Planalto em que sancionou lei que tipifica o crime do feminicídio.
“Terceiro turno das eleições para qualquer cidadão brasileiro não pode ocorrer, a não ser que você queira uma ruptura democrática. Se quiser uma ruptura democrática, eu acredito que a sociedade brasileira não aceitará rupturas democráticas e acho que nós amadurecemos suficiente para isso”, prosseguiu a presidente.
Questionada se as manifestações pró-impeachment seriam legítimas, Dilma respondeu: “Convocar, quem convocar, convoque do jeito que quiser, ninguém controla quem convoca. A manifestação vai ter as características que tiver seus convocadores. Ela em si não representa nem a legalidade nem a legitimidade de pedidos que rompem a democracia.”
Panelaço
Sobre a manifestação de brasileiros com “panelaços” e vaias durante a transmissão do pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão neste domingo, Dilma disse que na democracia é preciso “conviver com a diferença”.
“O Brasil tem uma característica que eu julgo muito importante e que todos nós temos de valorizar, que é o fato de que aqui as pessoas podem se manifestar, e têm espaço para isso, e têm direito a isso. Eu sou de uma época que, se a gente se manifestasse, fizesse alguma coisa, acabava na cadeia, podia ser torturado ou morto. O fato de o Brasil evoluir, passar pela Constituinte de 1988, passar por processos democráticos e garantir o direito de manifestação é algo absolutamente valorizado por todos nós, que chegamos à democracia e temos de conviver com a diferença”, afirmou.
“O que nós não podemos aceitar é a violência, qualquer forma de violência não podemos aceitar, mas manifestação pacífica elas são da regra democrática”, ressaltou a presidente.
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