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Oposição

"A farra acabou, a conta chegou"

Os líderes do DEM e do PSDB na Câmara dos Deputados criticaram o anúncio do governo de um corte de R$ 5,1 bilhões nos investimentos previstos para o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. A oposição também acusou o governo de ter ampliado os gastos no ano passado para conseguir eleger Dilma Rousseff e de, agora, ter de apertar os cintos.

Para ACM Neto (DEM-BA), o corte no programa habitacional é simbólico. "A presidente começa a descumprir uma das suas promessas de campanha ao cortar o programa Minha Casa, Minha Vida. Este foi um dos principais símbolos da campanha dela".

O líder tucano, Duarte Nogueira (SP), criticou o corte no programa e em outras áreas sociais, como repasses para Apaes e para a construção de creches. "É um corte mal-feito. Há corte em investimentos e em áreas sociais, o que é lamentável."

"A farra acabou, a conta chegou", definiu o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Para o tucano eleito por São Paulo, o governo excedeu-se nos gastos no período eleitoral, a fim de garantir a eleição da candidata governista, e agora precisa reduzir investimentos.

Agência Estado

Embora tenha prometido no início do mês não cortar investimentos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o governo federal irá bloquear parte do PAC – no caso, R$ 5,1 bilhões do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida.

A justificativa para o corte de R$ 5,1 bilhões do Minha Casa é de que a segunda etapa do programa ainda não foi aprovada no Con­­gresso – o que deve se concretizar só por volta de maio. Assim, esse seria um gasto que o governo não conseguiria fazer mesmo se quisesse.

Apesar disso, ao divulgar os cortes, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) reafirmaram que o PAC não havia sofrido cortes. Para isso, eles consideraram apenas a parcela do programa que se refere a investimentos em infraestrutura, excluindo o Minha Casa do cálculo.

"É uma questão de nomenclatura", justificou Célia Corrêa, secretária de orçamento do Ministério do Planejamento ao tentar explicar que o corte no programa habitacional não correspondia a um corte no PAC. Do ponto de vista técnico, porém, os dois programas utilizam os mesmos códigos orçamentários. Além disso, tanto o PAC como o Minha Casa, Minha Vida podem ter suas despesas desconsideradas do cálculo do superávit primário (economia de recursos para pagamento de juros).

Popularidade abalada

O professor de Ciência Política Marco Antonio Carvalho Tei­­­xeira, da Fundação Getulio Var­­­gas (FGV), avalia que o corte no programa Minha Casa, Minha Vida atingiu uma das áreas que era considerada prioridade pelo governo federal e que isso pode abalar a popularidade da presidente Dilma Rousseff. "O programa era a menina dos olhos de Dilma e é uma primeira indicação de que o governo não está conseguindo levar adiante parte de seu rol de prioridades. É claro que haverá impacto na opinião pública por conta disso."

Para o cientista político e consultor da ONG Voto Consciente, Humberto Dantas, apesar do impacto negativo, por se tratar de um programa social, Dilma pode reverter a repercussão negativa do corte em breve, quando a presidente deve anunciar o reajuste do Bolsa Família. "É a velha política do bate e assopra", resumiu.

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