Judiciário
Juízes veem desrespeito à Constituição
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) divulgou nota em que manifesta preocupação com o fato de a presidente Dilma Rousseff terminar o ano descumprindo a determinação constitucional de reposição da inflação anual do teto do funcionalismo público, ao excluir do Orçamento da União a proposta enviada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso.
A manifestação divulgada ontem é assinada pelo presidente da Ajufe, Gabriel Wedy. "[É] um atentado ao Estado de Direito e ao regime republicano, que a presidente da República deixe de fora do orçamento da União [a proposta de reposição], violando a Magna Carta", diz o texto
O argumento do governo de que não existem recursos para o Judiciário "é falacioso", diz a Ajufe. A proposta do STF é de R$ 7,7 bilhões. A nota faz ainda uma relação entre a série de demissões de ministros e os recursos inutilizados pela "corrupção nos últimos anos apenas na esfera federal".
A avaliação do governo Dilma Rousseff e a aprovação pessoal da presidente registraram recorde na série histórica da pesquisa CNI/Ibope para o primeiro ano de mandato, superando os índices obtidos por Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. A corrupção, porém, foi o assunto mais lembrado sobre a administração de Dilma e as áreas como saúde, educação e segurança registram desaprovação. Há também visão negativa sobre a forma como o governo tem agido no combate à inflação.
Para 56% dos eleitores entrevistados o governo Dilma é ótimo ou bom, cinco pontos porcentuais a mais do que o registrado em setembro. Outros 32% avaliam a administração como regular. Para 9% o governo é ruim e 3% não opinaram. Com este índice positivo, a presidente supera a marca de 51% registrada em 2007, quando o ex-presidente Lula encerrava o primeiro ano de seu segundo mandato.
O desempenho recorde de Dilma se repete também na sua avaliação individual. Ela conta com 72% de aprovação na pesquisa contra 21% que a desaprovam e 7% que não opinaram. Dono das melhores avaliações anteriores em relação ao início de mandato, Lula tinha 66% em 2003 e 65% em 2007. FHC alcançou 57% em 1995 e tinha 26% em 1999. Apenas em relação à confiança pessoal a presidente não conseguiu superar seu padrinho político neste comparativo histórico. Em 2003 Lula teve 69% neste quesito enquanto Dilma agora registra 68%. Apesar dos recordes da presidente, porém, para 28% dos eleitores sua administração é pior do que a de Lula enquanto apenas 12% a julgam melhor que a do o antecessor. Para 57% os dois governos são iguais.
Corrupção
Os dados da pesquisa mostram, no entanto, que a população tem acompanhado as seguidas denúncias de corrupção contra a administração federal. Foram 23% os entrevistados que mencionaram as acusações contra o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi como o assunto mais lembrado em relação ao governo Dilma. Outros 10% mencionaram a queda de ministros. O terceiro item neste quesito, as viagens internacionais da presidente, tiveram apenas 4% de lembrança.
Para o gerente-executivo de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, a presidente parece conseguir se afastar das seguidas acusações de corrupção contra o seu governo. "Dilma conseguiu se blindar. Ela conseguiu se distanciar e as denúncias ficaram restritas aos ministros. As pessoas estão culpando mais os ministros do que a presidente."
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