O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse nesta quinta-feira (6) à reportagem que os números da nova pesquisa Datafolha constatam “o que estamos assistindo diariamente”, ao citar a piora do quadro econômico e escândalos de corrupção em série, e que a presidente Dilma Rousseff precisa “zerar o governo”.
Com 71% de reprovação, Dilma superou as piores taxas registradas por Fernando Collor (1990-92) no cargo às vésperas de sofrer um processo de impeachment, mostra pesquisa Datafolha feita entre terça (4) e quarta-feira (5). No levantamento anterior, realizado na terceira semana de junho, 65% dos entrevistados viam o governo Dilma como ruim ou péssimo.
O grupo dos que consideram a atuação da petista ótima ou boa variou para baixo, dentro da margem de erro de dois pontos porcentuais. Em junho, 10% dos consultados pelo Datafolha mantinham essa opinião. Agora, são 8%. “A presidente precisa recomeçar do zero, assumir o segundo mandato. Como já falei antes, os números mostram que ela está quase entrando no cheque especial”, ironizou.
O deputado diz, no entanto, que isso não significa “trocar a presidente”, mas o governo, com sinalizações políticas e econômicas.
Para Cunha, Dilma perdeu credibilidade política e econômica desde que prometeu não tomar medidas durante a campanha eleitoral de 2014 e que acabaram sendo feitas desde o início do ano. “O governo que tomou posse no segundo mandato a população não acredita”.
Sem base
O peemedebista afirma que Dilma precisa fazer sinalizações política, e não “fingir” que o governo conta com uma base aliada que não existe no Congresso.
Na quarta, o Planalto sofreu mais uma derrota no plenário da Câmara com aprovação do projeto que eleva o salário de parte da cúpula do funcionalismo público.
Apesar dos apelos no sentido contrário, a base dilmista anunciou que votaria em peso o projeto. O PDT anunciou o rompimento oficial com o Planalto, e o PTB, em protesto, votou contra o governo.
A desorganização governista foi tanta que até o PT disse que votaria a favor do projeto, devido à sua ligação com o funcionalismo, contrariando a orientação da liderança do governo na Casa. Em linha contrária, e em nome do equilíbrio das contas públicas, o líder do oposicionista DEM, Mendonça Filho (PE), afirmou que votaria contra.
A proposta acabou aprovada por 445 votos a 16. Ainda serão votados destaques que podem alterar complemente o texto e serão apreciados na próxima terça-feira (11).