Quase dois meses depois da Operação João de Barro da Polícia Federal, que identificou desvio de recursos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez de tudo, nesta quarta-feira, para limpar a imagem do megaprojeto às vésperas das eleições municipais. Convidada de honra da cerimônia de sorteio de 50 cidades que terão os convênios do PAC fiscalizados, nas áreas de saneamento e habitação, Dilma garantiu que as obras andam em ritmo adequado e não privilegiam redutos de aliados do Planalto.
"O PAC está com processo alto de execução", disse a ministra, negando informações de que o programa praticamente não saiu do papel. Dilma admitiu, porém, que o governo precisa contar com "bons projetos e bem licitados" para não haver problemas. "Não olhamos a filiação político-partidária", afirmou, numa referência aos convênios firmados com Estados e municípios. "Quando um volume de recursos da ordem de R$ 504 bilhões está em jogo, a fiscalização não só é necessária como é uma obrigação do governante."
A Operação João de Barro cumpriu, em junho, 231 mandados de busca e apreensão e 38 de prisão temporária em Minas, São Paulo, Goiás, Tocantins, Rio, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Segundo a Polícia Federal, uma quadrilha desviava recursos repassados pela União para convênios e parte dessa verba era destinada a obras do Programa de Aceleração do Crescimento.
Batizada de "mãe do PAC", Dilma é a candidata favorita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Palácio do Planalto, em 2010, e o programa é o mais vistoso cartão de visitas para sua provável campanha. Desde 2003, é primeira vez que a CGU fiscalizará as aplicações de recursos do PAC. Os 50 municípios sorteados para o raio X da CGU, nas próximas duas semanas, têm mais de 500 mil habitantes. Detalhe: Minas Gerais, um dos principais alvos da Operação João de Barro, ficou fora do sorteio.
Diante de imensos globos prateados usados nas extrações das loterias federais, no auditório da Caixa Econômica Federal (CEF), Dilma fez um apelo aos funcionários da CGU para que se empenhem na fiscalização das obras. "Com a colaboração dos senhores poderemos assegurar que esse rio corra no seu leito e não se desvie para outros fins", insistiu ela, ao lado do ministro das Cidades, Márcio Fortes, que teve dois auxiliares defenestrados por causa da Operação João de Barro.
Pelos números apresentados pelo ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, o programa de fiscalização já visitou 1.401 municípios, fez auditoria sobre R$ 9,2 bilhões repassados pela União e resultou no afastamento de 1.785 agentes públicos federais por improbidade administrativa. "Há riscos envolvidos em toda a transferência de recursos para outros entes federativos", disse Hage
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