PMDB apoia enxugamento, mas petistas são contra
Agência Estado
A possibilidade de um enxugamento na Esplanada, incorporando os ministérios da Pesca e dos Portos e secretarias com status ministerial a pastas maiores, divide os dois principais partidos da base da presidente Dilma Rousseff. O PT é parcialmente contra e o PMDB, a favor.
"É muito positivo e coerente agregar alguns dos 38 ministérios", diz o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), sem se importar de comprar briga com o PT. O peemedebista Valdir Raupp disse estar ciente de que a "mexida" poderá implicar redução das pastas do PMDB, que hoje controla cinco ministérios Agricultura, Minas e Energia, Assuntos Estratégicos, Previdência e Turismo. Apesar disso, os peemedebistas apostam que a presidente não irá mexer no tamanho da legenda na Esplanada. O PMDB tem sido o partido mais fiel ao Planalto nas votações do Congresso o principal critério que a presidente deve usar na hora de definir quem fica e quem sai na reforma ministerial.
Já o PT, com 13 ministérios, teme se tornar o partido que mais seria atingido pelo "encolhimento" da máquina administrativa. O comando do PT inclusive fez chegar à presidente Dilma Rousseff que a legenda não vê com bons olhos a fusão dos ministérios "das minorias" em uma única pasta. O plano de Dilma seria incorporar as secretarias especiais das Mulheres e da Igualdade Racial no guarda-chuva do Ministério dos Direitos Humanos, dirigido por Maria do Rosário.
Embora a petista Maria do Rosário saia fortalecida, as secretarias especiais são tidas como cota do PT. Além disso, a alegação dos integrantes do partido contrários à reforma mais ampla é de que essas cadeiras representam "conquistas" dos movimentos sociais e, além de tudo, têm baixo orçamento. "Nós decidimos, no 4.º Congresso do PT, que as direções do partido, a partir de agora, terão cota de 50% para mulheres. Então, é preciso analisar tudo isso com muito cuidado", afirmou o deputado José Guimarães (CE), vice-líder do governo e vice-presidente do PT.
Apesar de ser a primeira mulher eleita presidente do Brasil, Dilma não considera necessário, por exemplo, ter uma secretaria especial só para cuidar do gênero feminino, mas enfrenta resistências para fazer o enxugamento da máquina.
Única representante da corrente petista Articulação de Esquerda na Esplanada, a ministra das Mulheres, Iriny Lopes, quer disputar a prefeitura de Vitória (ES), em 2012, mas sua candidatura não é consenso dentro do PT. De qualquer forma, ela deve deixar a equipe, assim como Luiza Bairros (Igualdade Racial) e Luiz Sérgio (Pesca). Luiza é ligada ao PT e o ministro da Pesca é filiado.
Pelos planos de Dilma, o Ministério da Pesca pode ser incorporado ao da Agricultura. Já a pasta de Portos, comandada pelo PSB, deve ser englobada pelo Ministério dos Transportes.
Mais um
Na contramão das fusões, a empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, deve assumir a nova Secretaria da Micro e Pequena Empresa, em 2012. Projeto de lei que cria a secretaria com status de ministério e subordinada à Presidência foi enviado ao Congresso, em março. Trata-se de uma promessa da campanha de Dilma, no ano passado.
Com seis demissões de ministros já no seu primeiro ano de governo e diante da possibilidade de ter de exonerar o sétimo (Carlos Lupi), a presidente Dilma Rousseff poderá ser obrigada a fazer uma reforma ministerial menos ampla do que pretendia em janeiro. A margem de manobra de Dilma para contentar os atuais aliados tende a ser ainda menor diante da possível incorporação ao primeiro escalão do recém-criado PSD e da intenção da presidente de extinguir algumas pastas. Estariam na mira desse enxugamento administrativo os ministérios da Pesca e dos Portos e outras secretarias com status de ministério que podem ser incorporadas a pastas maiores.
As seis trocas efetuadas até o momento diminuíram as opções para Dilma fazer mudanças mais significativas até mesmo porque vários dos nomes que deixaram o governo já eram citados anteriormente como fortes candidatos a saírem na reforma ministerial. Inicialmente, o objetivo da presidente era reduzir o poder dos "feudos" partidários na Esplanada. Mas, obrigada a demitir ministros envolvidos em escândalos, a presidente optou por substituí-los por integrantes dos mesmos partidos dos antecessores. E, assim, acabou mantendo os "feudos" que pretendia diminuir.
Critério
No critério de mudança, Dilma deve levar em conta os ministros problemáticos, que tiveram desempenho abaixo do esperado, e aqueles que perderam sustentação política dentro de seus próprios partidos. Neste último grupo, além de Carlos Lupi (Trabalho), está o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP).
Também têm grandes chances de sair a ministra Ana de Hollanda (Cultura) e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário). Ana tem sido alvo do "fogo amigo" dentro do governo. E Florence, para o PT, tem feito uma gestão apagada.
Já é certo também que o ministro da Educação, Fernando Haddad, escolhido como candidato do PT à prefeitura de São Paulo, vai sair para disputar a eleição. Também sinalizam com a possibilidade de lançar candidatura no ano que vem os ministros Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) à prefeitura de Recife (PE), e Iriny Lopes (Secretaria de Mulheres), em Vitória (ES).
Grau de fidelidade
Na nova geografia da Esplanada dos Ministérios, explicou um auxiliar direto da presidente, Dilma não irá desconsiderar a relação de força entre os partidos aliados. Dentro dessa lógica, será avaliado o grau de fidelidade das legendas nas votações em 2011 no Congresso como um critério objetivo para as substituições.
Antes mesmo de Dilma iniciar as negociações, já há lobby de partidos, principalmente do PT e do PMDB, para ocupar espaços e indicar nomes. Os petistas pressionam pela indicação da senadora Marta Suplicy (PT-SP) para um ministério de visibilidade, depois que ela desistiu da pré-candidatura à prefeitura de São Paulo em favor de Haddad.
Um fator novo que será avaliado é o espaço do PSD no governo, o novo partido que já tem a terceira maior bancada na Câmara. Apesar de o prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ter afirmado que a sigla é independente, há o reconhecimento no Planalto que será preciso contemplar a nova legenda, que age no Congresso como partido governista.
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