Sucessão
Faltam nomes fortes para prolongar o poder do PT
Depois de garantir 12 anos, pelo menos, à frente do comando do país, o PT começa a se angustiar com as incertezas em relação ao futuro do projeto de poder do partido depois de 2018. De forma reservada, os dirigentes da legenda já reconhecem que haverá, naturalmente, um esgotamento do ciclo de influência petista ao fim da gestão Dilma Rousseff. Caso reeleita, terão sido 16 anos do PT no poder.
Mas o grande problema, avaliam caciques, não é o desgaste natural. Mas, sim, a falta de nomes fortes para o partido continuar na disputa e, com isso, manter-se no protagonismo da política nacional. Internamente, os petistas admitem que, diferentemente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve força política para criar o seu sucessor, a presidente Dilma dificilmente conseguirá criar um nome ou até mesmo bancar um nome petista que venha a se sobressair.
Ao mesmo tempo, o PT resiste ao plano alternativo que tem sido levantado por Lula de apoiar um nome da base aliada na sucessão de Dilma, após a eventual reeleição dela. Dentro desse cenário, o nome mais forte apontado internamente pelo próprio Lula é o do governador e presidente do PSB, Eduardo Campos (PE).
A presidente Dilma Rousseff tem sido estimulada a criar uma marca forte do seu governo a partir deste ano para ter uma identidade própria que a diferencie da imagem de governo social, já conquistada pelo ex-presidente Lula. Com a gestão ofuscada em 2011 pelo "marketing da faxina", a ordem é tentar firmar uma imagem de gestora capaz para os próximos três anos.
Mas é neste ponto que começam as divergências: enquanto o marketing palaciano tem batido na tecla do Brasil Sem Miséria, focando nas ações sociais, um grupo próximo da presidente inclusive Lula propõe que ela recupere rapidamente o carimbo de uma grande gestora. A avaliação desse grupo é que a marca do social já foi conquistada por Lula e não adianta querer competir neste campo.
Para este grupo, um rótulo na mesma linha do carimbo de "mãe do PAC", que marcou a campanha presidencial, seria mais eficaz do que o de "mãe dos pobres". Portanto, o desafio de Dilma seria apontar soluções para os principais problemas de infraestrutura, turbinando o PAC e obras estruturantes para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.
"A marca Brasil Sem Miséria é tão vazia como foi o Fome Zero. O governo Dilma tinha que apostar numa marca própria. O culto da esmola está esgotado. Dilma tem que encontrar sua própria personalidade em cima da gestão, que é o seu forte", diz um interlocutor palaciano.
Internamente, o maior defensor da ideia de investir no marketing social é o publicitário João Santana, responsável pela campanha presidencial de 2010. Foi dele a ideia do slogan Brasil Sem Miséria.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) defende que a preocupação do governo Dilma deve ser com a economia e geração de empregos. Ele frisa que o grande desafio da presidente será manter e até ampliar o número de mais de 30 milhões de brasileiros que ingressaram na classe média no governo Lula.
"A gestão precisa ser a marca preponderante para enfrentar a crise econômica. O grande desafio será manter os empregos nesse momento", diz Lindbergh.
A avaliação mais comum no PT é que, dificilmente, o mandato de Dilma poderia superar o legado da era Lula na área social. Por isso, a preocupação petista com o foco na gestão de obras de infraestrutura para que Dilma se consolide nos próximos três anos.
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