A presidente Dilma Rousseff (PT) nomeou nesta quarta-feira (3) Maurício Requião, irmão do senador Roberto Requião (PMDB), para o cargo de conselheiro da usina Itaipu Binacional. O fundador e ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, também foi nomeado conselheiro. As nomeações são um movimento para reforçar apoios políticos, já que Requião e Amaral apoiaram a reeleição de Dilma no ano passado.
perfil
Maurício Requião assume o cargo em Itaipu em meio a uma briga judicial por uma vaga no Tribunal de Contas do Paraná (TC). Ele foi eleito conselheiro do TC em julho de 2008, mas afastado do cargo em 2009 após liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal. O ministro considerou ilegal a nomeação porque o processo eleitoral foi iniciado antes da aposentadoria efetiva do ex-conselheiro Henrique Naigeboren. Além disso, o ministro entendeu que a indicação para o TC, feita quando Roberto Requião (PMDB), irmão de Maurício, era governador, caracterizaria nepotismo.
Maurício Requião e Amaral substituirão no conselho o físico Luiz Pinguelli Rosa e Orlando Moisés Fischer Pessuti, filho do ex-governador do Paraná Orlando Pessuti (PMDB). “Todas as nomeações para o conselho de Itaipu sempre estiveram dentro da coalizão. As nomeações estão dentro do padrão”, avalia o cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Fabrício Tomio.
Na reta final do primeiro turno das eleições para o governo do Paraná no ano passado, em que Requião ficou em segundo lugar, o senador chegou a receber o apoio velado da campanha de Dilma, mesmo quando o PT tinha a ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT) como candidata. O senador também declarou apoio à reeleição de Dilma.
Já Amaral é ex-ministro de Lula e um dos críticos da ação independente do PSB – ele defende nos bastidores que o partido volte para a base aliada de Dilma.
De saída
Exonerado nesta quarta-feira (3) do cargo de conselheiro, Moisés Pessuti afirmou que encarou com “muita naturalidade” a mudança. “São coisas da política”, disse o ex-conselheiro. Ele ressaltou que não há “nenhum tipo de ressentimento, nenhum tipo de mágoa” ao deixar o cargo. De acordo com Moisés, a remuneração de um conselheiro em Itaipu gira em torno de R$ 16 mil líquidos.
A reportagem entrou em contato com Maurício Requião, mas ele não quis comentar a nomeação.
Em família
A vaga de Moisés Pessuti havia sido ocupada pelo pai dele. O ex-governador deixou o cargo porque pretendia se candidatar ao governo do estado. Preterido pelo senador e desafeto Roberto Requião, acabou apoiando o governador Beto Richa (PSDB) à reeleição e ganhou a indicação para o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
Segundo Moisés Pessuti, a troca em Itaipu não interfere na briga política entre seu pai e Requião: “Não interfere porque é natural esse tipo de disputa por espaço na política”.
Pressão do Congresso
As nomeações ocorrem em um momento em que o Congresso pressiona o Executivo em relação aos cargos em estatais. Uma proposta apresentada pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), diminui poder da União na indicação de presidentes das estatais.
A presidente Dilma afirmou que ainda vai avaliar a proposta, que atinge empresas como Petrobras, Caixa Econômica Federal, Correios, BNDES e Banco do Brasil.
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