Segmento
Plano atende a demandas do setor da construção civil
Agência Estado
A decisão do governo de lançar uma nova etapa do Minha Casa Minha Vida vai ao encontro do desejo do setor da construção civil que quer tornar permanente o programa de habitação popular. A indústria imobiliária quer um sinal claro de que o projeto não é apenas do governo do PT, mas uma política de Estado.
O segmento conta com a simpatia do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, para quem as políticas do programa devem ser "integradas" às ações de mobilidade urbana e saneamento básico nas três esferas de governo. "O Minha Casa Minha Vida é uma conquista social e deve ser encarado como política de Estado e não de governo", diz. "Essa política caminha atrelada no que precisamos avançar na discussão federal, mas não terá efetividade se não acontecer com prefeitos e governadores."
A presidente Dilma Rousseff vai repaginar o programa Minha Casa, Minha Vida, um dos trunfos de sua campanha à reeleição, em 2014, e pode ampliar o valor do imóvel a ser financiado que hoje está em R$ 190 mil para beneficiar mais uma parcela da classe média.
Nessa terceira fase do plano, a ideia é construir até 3 milhões de moradias em um eventual segundo mandato e facilitar a compra da casa própria por jovens casais, especialmente em regiões metropolitanas.
O governo estuda uma forma de aumentar as faixas de renda dos beneficiários do Minha Casa, Minha Vida que atualmente vão de R$ 1,6 mil a R$ 5 mil , reforçando a presença do programa de habitação popular em centros urbanos como São Paulo, Rio e Brasília.
Disposta a recuperar a popularidade perdida com a chamada "nova classe média" nos protestos de junho, Dilma encomendou ao Ministério das Cidades e aos bancos públicos estudos para a iniciativa. Pesquisas em poder do Planalto mostram que a imagem deteriorada da presidente não foi plenamente reabilitada entre eleitores com renda de R$ 1.356 a R$ 3.390 (dois a cinco salários mínimos) nem entre o público jovem, de 18 a 29 anos e de áreas urbanas. Sua aprovação melhorou entre os menos escolarizados e mais pobres, em especial no Nordeste. Mesmo assim, uma luz amarela se acendeu: a maioria dos entrevistados pede "mudanças" e "coisas diferentes".
O Planalto teme novos protestos perto da Copa do Mundo, em junho de 2014, e prepara antídotos contra mais manifestações de rua. Além da terceira fase do Minha Casa, Minha Vida, estão no radar do governo o reforço do Mais Médicos e do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), pelo qual a presidente disse estar "fissurada".
Na defesa da terceira etapa de seu "trunfo" habitacional e eleitoral, o governo alega ainda que, a cada R$ 1 milhão investido no Minha Casa Minha Vida, 32 postos de trabalho são mantidos, provocando uma renda extra de R$ 744 mil na construção civil e nos demais setores. Segundo o Ministério das Cidades, o Minha Casa Minha Vida sustentou 1,3 milhão de empregos em 2013.
Uma das estratégias do governo para consolidar a votação de Dilma é combinar medidas destinadas à chamada "nova classe média" com uma mensagem de ajuste fiscal rigoroso, palatável aos eleitores mais endinheirados. O sinal mais forte de que metas de crescimento e de superávit primário são prioridades será dado em janeiro de 2014, quando Dilma comparecerá ao Fórum Econômico Mundial, em Davos.