Numa tentativa de reaproximação com a bancada do PR no Congresso Nacional, o Palácio do Planalto sondou o senador Blairo Maggi (PR-MT) sobre a possibilidade de ele ser ministro dos Transportes, cargo que Blairo já recusara em julho. Na ocasião, Blairo alegou que haveria conflito de interesses por causa de suas empresas. No Planalto, o nome de Blairo, novo líder do partido no Senado, é visto como o único quadro do PR com condições para ocupar o ministério.
Assim, está mantido o impasse com o PR, que deseja voltar à base aliada, mas quer um ministério. Diante da posição do senador, a determinação da presidente Dilma Rousseff é manter o atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, que assumiu após a saída do senador Alfredo Nascimento (PR-AM). O PR não reconhece a indicação de Passos e, desde então, passou a adotar uma postura de independência no Congresso.
Nos últimos dois dias, Blairo esteve duas vezes no Planalto. Na terça-feira, se reuniu com a ministra Ideli Salvati (Relações Institucionais). Na quarta-feira, conversou com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência). No encontro, o ministro reconheceu que o PR foi leal e que a intenção do governo é resolver o impasse com o partido. Mas não apontou a solução, já que o PR exige reassumir o Ministério dos Transportes.
O maior conflito é que a legenda quer indicar um nome da bancada da Câmara. Essa solução enfrenta resistências do Planalto. Até o momento, os nomes apresentados são os dos deputados Luciano Castro (PR-RR) e Milton Monti (PR-SP). Mas, segundo interlocutores, Dilma só estaria disposta a aceitar o nome de Blairo - que tem o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na terça-feira, Blairo esteve no Planalto na condição de líder, ao lado do líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), para uma conversa com Ideli. No encontro, Blairo foi direto. Disse que o PR e o governo estão "como num baile".
"Você está a fim de mim, e eu de você. A dúvida é saber quem vai tirar o outro primeiro para dançar."
Para integrantes da cúpula do PR, está claro que o Planalto não quer mais ceder o Ministério dos Transportes ao partido. Avaliação de parlamentares do PR é que o Planalto só fez o movimento de sondar Blairo para a pasta porque já sabia que ele não poderia aceitar.
PR reclama que não pôde indicar sucessor na pasta
O PR reclamou que teve tratamento distinto dos demais partidos que tiveram ministros demitidos por suspeitas de irregularidades, já que foi o único que não pôde indicar o sucessor na pasta. Ideli lembrou que o próprio Blairo tinha sido convidado por Dilma para assumir o ministério, e recusou. Em seguida, Ideli teria perguntado se ele, agora, aceitaria o ministério.
Blairo reconheceu que não pode assumir os Transportes pelo mesmo motivo que recusou anteriormente. Em conversas reservadas, o senador explicou que uma das empresas de seu grupo, a Hermasa, de transporte fluvial, já recebeu recursos do Fundo da Marinha Mercante. E que a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) está ligada ao Ministério dos Transportes. Isso, na sua visão, poderia gerar conflitos de interesses.
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