A presidente Dilma Rousseff voltou a defender o fim do sigilo eterno de documentos oficiais ultrassecretos e disse que irá pedir que sua base no Senado chancele o texto da forma como foi aprovado pela Câmara dos Deputados.
A decisão foi comunicada ontem a assessores. A presidente deseja encerrar o debate sobre o assunto, que vem gerando discussões no governo há semanas. É a terceira vez que o Planalto muda de posição sobre o tema.
O fim do sigilo, como aprovado na Câmara com prazo máximo de 50 anos para documentos ultrassecretos , era a posição original de Dilma. Os ex-presidentes e atuais senadores Fernando Collor (PTB-AL) e José Sarney (PMDB-AP) se opuseram à proposta.
Após a pressão dos dois aliados, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, afirmou, durante sua posse, que o governo passaria a defender o projeto original enviado pelo Executivo ao Congresso, ainda na gestão do presidente Lula. Nele, havia a possibilidade de prorrogar indefinidamente o sigilo de alguns papéis.
Almoço
Na última quarta, entretanto, Ideli disse que o Planalto acataria qualquer decisão que o Senado aprovasse. A reportagem apurou que Dilma almoçou na última segunda-feira com os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Antonio Patriota (Relações Exteriores). As duas pastas capitaneavam a manutenção do sigilo. Na reunião, porém, acataram a decisão de Dilma. O projeto deverá entrar na pauta do Senado no segundo semestre.
O projeto que propõe o fim do sigilo eterno tramita no Senado. Reportagem publicada ontem pela Folha de S.Paulo mostra que a maioria dos 81 senadores apoia as mudanças feitas pela Câmara ao projeto que impedem prorrogações sucessivas do sigilo. Dos 76 senadores ouvidos, 54 são favoráveis ao fim do sigilo eterno incluindo os paranaenses Alvaro Dias (PSDB) e Roberto Requião (PMDB). O terceiro senador do estado, Sérgio Souza (PMDB), é contra o fim do sigilo.
OAB
O presidente interino da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o paranaense Alberto de Paula Machado, defendeu ontem o fim do sigilo eterno sobre documentos oficiais. Ex-líder estudantil no período da ditadura militar (1964-1985), Machado disse esperar que a presidente Dilma reconsiderasse a posição do governo de trabalhar contra a abertura total dos arquivos.
"A posição da OAB é a de que os dados devem ser revelados, que a população tenha o direito de conhecer sua história. Isso é indispensável para que a sociedade faça a análise crítica dos atos de governo praticados nos últimos anos", disse Machado.
O presidente da Ordem solicitou ao governo federal os arquivos abertos do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops) relacionados à sua história política. Ele foi militante estudantil durante o governo de João Figueiredo (1979-1985).
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