Em visita oficial do governo no Rio Grande do Sul, a presidente Dilma Rousseff voltou a defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a forma como o petista foi levado para prestar depoimento na última sexta-feira (4). Disse ainda que a oposição “fica dividindo o país”.
“O Brasil está passando por um momento de dificuldades. Uma parte desse momento de dificuldades é devido também à sistemática crise política que [os opositores] provocam no país, aqueles que são inconformados que perderam as eleições e querem antecipar a eleição de 2018”, disse Dilma em Caxias do Sul (RS), durante discurso durante cerimônia de entrega simultânea de 2.434 imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida.
Segundo ela, um governo tem de querer a unidade dos brasileiros e governar para todos, não só para um “pedaço da população”. “Um governo não pergunta ao fazer um programa como o Minha Casa Minha Vida a que partido pertence, o que acredita, qual é seu credo religioso ou seu time de futebol. Um governo sempre quer a unidade do país e a oposição tem o absoluto direito de divergir. Mas a oposição não pode sistematicamente ficar dividindo o país, não pode.”
Dilma disse que Lula nunca se recusou a prestar depoimento e que a alegação de que a condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a depor) tinha como objetivo proteger o ex-presidente é estranha.
“[Lula] nunca se recusou [a depor], nunca se achou, nunca o presidente Lula, justiça seja feita, nunca se julgou melhor do que ninguém. Sempre aceitou, convidado para prestar esclarecimento, sempre foi. Então não tem o menor sentido, conduzir, como se diz, sob vara, para prestar depoimento, se ele jamais se recusou a ir”, afirmou a petista.
“Nem cabe alegar que estavam protegendo ele. Como disse um juiz, era necessário saber se ele queria ser protegido, porque tem certo tipo de proteção que é muito estranho. Além disso, no Brasil, nós temos assistido a vazamentos sistemáticos e esses vazamentos provam a partir de um determinado momento que não são verdadeiros, mas aí o estrago de jogar lama nos outros já ocorreu.”
Dilma disse ainda que opiniões divergentes não podem ser demonizadas, mas é preciso exigir respeito. “Eu não acho que a gente pode demonizar ninguém, a gente não pode demonizar pessoas, não pode demonizar órgãos de imprensa, nós não podemos demonizar opinião diferente da nossa. Agora nós temos de exigir o respeito. Cada um de nós tem de exigir o respeito para si e dar o respeito aos outros.”
ECONOMIA
No fim do discurso, a presidente disse que os ajustes feitos na economia têm como objetivo preservar programas como o Minha Casa, Minha Vida. “Fazemos [ajustes] como na casa da gente, sempre que precisa, sempre que cai um pouco a nossa receita. Agora, um governo tem de fazer o ajuste e olhar o que quer preservar. Nós estamos fazendo ajustes para preservar aquilo que consideramos mais importante, como é o caso do programa Minha Casa, Minha Vida.”
Ela foi aplaudida antes, durante e após seu discurso. Até quando parou de falar para tomar água, ouviu a expressão “não vai ter golpe” de simpatizantes presentes ao evento.
Como tem feito desde o ano passado, Dilma fez a entrega de casas em cinco cidades de forma simultânea, quatro delas via link. Para isso, escalou os ministros Teresa Campelo (Desenvolvimento Social) em Jundiaí, Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário) em Paracatu (MG), André Figueiredo (Comunicações) em Sobral (CE), e Gilberto Kassab (Cidades) em Três Lagoas (MS).
Dilma defendeu o programa habitacional, diz que já entregou 2,5 milhões de casas e tem mais 1,623 milhão a serem entregues. “Isso significa que temos de fato o maior programa habitacional que existe na América Latina. Não vou falar que é o maior do mundo porque não tenho certeza, mas da América Latina é, desse hemisfério é.”
PRESSÃO
Enquanto enfrenta a ameaça crescente de impeachment e o aperto da operação Lava Jato, Dilma sofrerá pressão maior da base do PT a partir desta semana.
O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) divulgará nesta segunda (7) um manifesto anunciando protestos, bloqueios de vias, novos acampamentos e ações em prédios públicos contra o governo Dilma.
O texto afirma que a petista tem encampado as reivindicações da elite, que não há mais expectativas de que ela faça uma guinada à esquerda e que, portanto, “as pautas da direita serão enfrentadas nas ruas, sem tréguas e com radicalidade”.
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