O esquema de desvio de dinheiro e pagamento de propina na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato, é ainda maior do que o esperado. De acodo com o delegado da Polícia Federal (PF) Igor Romário de Paula, um dos responsáveis pela investigação, a corrupção na estatal pode chegar a R$ 19 bilhões – um laudo será divulgado na próxima semana para ratificar o valor.
Ainda segundo o delegado, o dinheiro desviado girava em torno de 15% a 20% dos contratos, não “apenas” 3% como inicialmente se imaginava. “O laudo está sendo feito por peritos contábeis e por peritos de engenharia”, afirmou ele, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (2) na sede da PF em Curitiba. “Temos a impressão que nunca chegaremos a um número fechado. E, infelizmente, nunca vamos recuperar um número próximo a esse valor”, completou Igor Romário. A força-tarefa espera recuperar espontaneamente R$ 1 bilhão até o fim deste ano – Até o momento já voltaram ao cofres públicos R$ 700 milhões.
A entrevista foi para falar também da prisão nesta manhã do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Zelada. Procurador da força-tarefa, Carlos Fernando dos Santos Lima, disse que com a prisão, “o núcleo básico de quatro ex-diretores” da estatal envolvidos em esquema de corrupção e pagamento de propina “está bem delineado”. Além de Zelada, foram presos Nestor Cerveró (ex-diretor da Área Internacional), Renato Duque (ex-diretor de Serviços) e Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento). Lima disse que, por enquanto, nenhum outro ex-diretor está na mira dos investigadores. “Tem gente em outros níveis sendo investigadas, mas o núcleo dos diretores está bem definido”, afirmou.
Lima disse que não há, por enquanto, negociação em andamento para que Cerveró faça uma delação premiada. Dos ex-diretores presos, somente Paulo Roberto Costa fez acordo de delação.
Explicando os motivos que levaram à prisão de Zelada, Carlos Fernando dos Santos Lima citou os valores já bloqueados do ex-diretor em Mônaco – um total de 10 milhões de euros – além de transferências bancárias realizadas por ele na Suíça e na China, uma novidade. A força-tarefa encontrou depósitos de Zelada em bancos na China, numa tentativa, “que indica interesse de ocultar valores”.
“Nem sempre temos uma prova matadora, mas temos uma série de pequenas provas e indícios e circunstâncias que vão se consolidando.Nós já tínhamos os valores, mas não tínhamos os documentos de que Zelada e Barusco recebiam valores. E temos indicativos fortes de que havia problemas na área internacional. Também tem uma movimentação no exterior, posterior ao inicio da Lava Jato, inclusive com remessas bancárias ocorrendo para bancos na China, o que indica uma continuidade do crime de lavagem de dinheiro, o que motivou a prisão”, declarou o procurador.
Segundo ele, essa continuidade de transferência da Suiça para Mônaco, indica “interesse de ocultar valores”.. “Algumas transferências de mais de R$ 1 milhão de dólares para China indicam essa continuidade do crime de lavagem. A continuidade eletiva é um caso clássico de prisão preventiva”, comentou, completando. “Quanto a esses valores não tenho dúvida de que eles são originários de corrupção”, fechou.
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